A importância da biodiversidade
Equipe foi ao interior do interior para registrar os biomas brasileiros ameaçados e seus guardiões
3 min de leitura
Em horário nobre na tevê, o agronegócio gosta de se autoproclamar como o setor mais importante do país.
No chão da realidade, o cenário é outro: cerca de 70% dos alimentos que chegam às mesas brasileiras são da agricultura familiar.
Você sabe de onde vem o que te alimenta? A série documental Sementes do Amanhã dirigida por Alan Mendonça viajou pelo Brasil para mostrar a origem de iguarias que fazem parte da nossa cultura alimentar e que, infelizmente, estão ameaçadas de extinção.
Espremidos pelo agronegócio, todos os biomas brasileiros estão em risco. Ou seja, é possível que nossos descendentes não possam desfrutar de grande parte da fauna e flora que hoje conhecemos. Entre as espécies sob ameaça, há uma vasta lista que traz cores, aromas e sabores às receitas tradicionais da nossa gente.
Diferente do que se pode imaginar, não se trata de espécies exóticas: estou falando da castanha da Amazônia (do Pará), além de frutas como buriti, umbu, cacau cabruca, açaí-juçara, guaraná, butiá e mel de abelhas nativas. São alimentos cujo manejo e conservação estão a cargo de famílias agricultoras, extrativistas, comunidades tradicionais e povos indígenas.
De um lado, os desertos verdes dos latifúndios comandados por máquinas e homens de negócios.
De outro, a sociobiodiversidade que harmoniza e celebra a relação entre o ser humano e o meio ambiente.
E nós, cidadãos e cidadãs da cidade, consumidores em massa, onde entramos neste contexto que expõe um dos principais dilemas contemporâneos? O que estamos servindo para as próximas gerações?
Registro para o futuro
Tive o privilégio de fazer parte da equipe do Sementes do Amanhã, que ao longo de10 meses percorreu o Brasil conhecendo práticas sustentáveis de cultivo e manejo.
Para gravar a série documental, pesquisamos bastante, andamos muito de barco, carro, avião e a pé. Fizemos aquelas viagens de dias, subindo e descendo rios, dormindo em redes, alojamentos flutuhotéis de beira de estrada e moradias familiares.
Fomos a localidades exuberantes, onde a resistência das comunidades tradicionais planta futuro para a humanidade.
Registramos parte da realidade vivida por povos do campo, da floresta e das águas, com o intuito de que mais gente conheça e valorize os serviços ambientais prestados por eles.
O resultado desse trabalho pode ser assistido na programação do Canal Futura e também na internet, no portal dos canais da Globo.
Algum dia olharemos para o passado sombrio da agricultura e ficaremos perplexos. Como pudemos acreditar que era uma boa ideia cultivar nossos alimentos com veneno? Com esta reflexão da antropóloga Jane Goodall, renovo o convite para que assistam à série.
Que ela possa nos inspirar a contribuir para criar o mundo em que queremos viver e deixar como legado.
Em pequenos ou grandes passos, cada uma e cada um de nós é parte fundamental para restaurar e criar paisagens produtivas sustentáveis.
Com um bocadinho de curiosidade, podemos descobrir que vale a pena mudar hábitos irrefletidos. Andando com menos pressa e observando mais, a vida nos brinda com seu bem mais nutritivo: o tempo.
Compreender a sazonalidade da nossa própria existência ajuda a semear o que realmente importa: impactos positivos.
Comprar de quem produz, reduzir supérfluos, buscar a origem de cada item na cesta básica, estudar as leis do setor, conhecer comunidades agricultoras e extrativistas, pressionar gestores públicos, se engajar em coletivos e movimentos...
Em pequenos ou grandes passos, cada uma e cada um de nós é parte fundamental para restaurar e criar paisagens produtivas sustentáveis.
Siga @sementesdoamanhadoc no Instagram e assista a série completa gratuitamente no portal dos canais da Globo na internet.
E se quiser saber um pouco mais sobre como foi a experiência de entrevistar dezenas de agricultoras extrativistas, ambientalistas, pescadoras e pesquisadoras não deixe ler a matéria Luz, câmera, sociobiodiversidade em ação.
Episódios da série Sementes do Amanhã
- Buriti
- Açaí Juçara
- Castanha do Brasil
- Butiá
- Umbu
- Baunilha do Cerrado
- Pinhão
- Cacau Cabruca
- Mel - Abelhas Nativas
- Guaraná
- Ostra
- Pirarucu
- Castanha do Baru