Serra se prepara para receber o cinema
Tapete vermelho estendido de 12 e 20 de agosto

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O 50º Festival de Cinema de Gramado, que acontece entre os dias 12 e 20 de agosto, já se consolida como uma edição histórica. No total, foram inscritos 881 filmes, sendo 58 longas-metragens estrangeiros e 598 curtas-metragens brasileiros.
Tudo começou quando o evento foi oficializado pelo Instituto Nacional de Cinema. A primeira edição foi realizada de 10 a 14 de janeiro de 1973, já com a disputa pelo Kikito, o “Deus da Alegria”, uma estatueta de figura risonha e ensolarada criada pela artista plástica Elizabeth Rosenfeld.
Naquele ano, o festival consagrava o filme “Toda Nudez Será Castigada”, de Arnaldo Jabor. A nudez esteve presente também fora das telas. Por serem realizadas no verão, as primeiras edições do Festival foram marcadas por sensacionalismo, nudez e outras manifestações em busca de fama e reconhecimento.
Com a chegada dos anos 1980 e o aprimoramento das discussões sobre arte e cultura nos diversos espaços, o evento conquistou o título de um dos maiores do gênero no País.
No início dos anos 1990, a política anticultura do governo de Fernando Collor fez com que o cinema nacional entrasse em declínio. Para sobreviver, o Festival abriu a participação para filmes estrangeiros e promoveu uma edição ibero-americana, realizada entre 15 e 22 de agosto de 1992. A nova fórmula internacional, inédita no Brasil, deu novo significado ao evento, que passou a ser realizado sempre em agosto.
Hortênsias X Chocolate
Se as hortênsias típicas da região encantavam os apreciadores do Festival quando era realizado em janeiro, a mudança da data para o inverno imprimiu um novo charme, regado a chocolate e à estética do frio.
A trajetória do Festival de Cinema de Gramado acompanhou todas as fases do cinema nacional. Em consequência, a Serra Gaúcha se tornou palco de debates e de importantes encontros entre artistas, realizadores, estudantes, pesquisadores de cinema, imprensa e público em geral.
Gramado transformou-se num palco que traduz as glórias e crises do cinema nacional e tornou-se reduto de manifestações políticas por parte da classe artística, atravessando, inclusive, tempos políticos duros nos anos 1970 e driblando a censura.
Desde a criação evento, mais de mil Kikitos foram distribuídos entre profissionais do cinema que venceram o Festival em diferentes categorias. Já os troféus Oscarito, Eduardo Abelin, Kikito de Cristal e Cidade de Gramado prestam homenagem a atores, cineastas e personalidades ligadas ao cinema.
O Museu do Festival, localizado junto ao Palácio dos Festivais, guarda fotos, cartazes e atividades interativas que documentam esses quase 50 anos de história. Em 6 de junho de 2006, o Festival de Cinema de Gramado, juntamente com o Kikito, foi consagrado como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Rio Grande do Sul, oficializado pela Lei nº 12.529. No mesmo ano, foi inaugurada a calçada da fama de Gramado.
Festa para os sentidos
Gramado é considerada uma festa para os sentidos, com uma culinária rica e paisagens deslumbrantes de montanhas, vales, hortênsias e lavandas. O clima é cheio de surpresas, pode oscilar de um lindo céu azul à neblina e mesmo neve, às vezes num mesmo dia.
A cidade possui a maior infraestrutura turística do Rio Grande do Sul, com mais de 200 casas gastronômicas que servem desde o mais simples até o mais exigente paladar.
A rede hoteleira conta com centenas de estabelecimentos e é reconhecida pela excelência dos serviços prestados. Para tanto, disponibiliza em torno de 15 mil leitos.
É impossível passar pela cidade sem levar para casa os produtos com a qualidade de Gramado, característica dos chocolates caseiros, malhas, móveis, artesanato, couro e produtos coloniais. Ainda que seja alguma lembrancinha. E, claro, é a oportunidade de levar para casa seu próprio Kikito, mesmo que seja de chocolate.