Mulheres e homens 60+ ressignificam o envelhecimento
É hora de repensarmos o que de fato importa nesta idade

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Marta Schlichting e Carmen Carlet*
Já vai longe o tempo em que ter 60 anos ou mais era sinônimo de perder o interesse pela vida. O avanço na média de idade – que conforme o IBGE (2020) está em 76,8 anos - é um dos fatores que ressignificou o envelhecimento, o que tem levado as pessoas a se sentirem mais jovens do que a idade real, embora ainda exista muito preconceito.
Pouco difundido e discutido em âmbito nacional, o etarismo é um tipo de discriminação semelhante ao racismo, homofobia e xenofobia.
Expressões como "você está velho demais para isso", "lugar de velho é em casa", entre outras, são discriminatórias e típicas do etarismo. Recentemente, um vídeo da atriz Marieta Severo (75 anos) viralizou na Internet jogando luz sobre o tema. Em um depoimento para a revista Marie Claire Brasil, Marieta provocou um grande debate sobre envelhecimento, juventude e o que de fato importa nesta idade.
Vale lembrar que pesquisas projetam que, em 2050, o Brasil terá 30% de sua população com idade acima de 60 anos. Em outras palavras, está mais do que na hora de repensarmos atitudes, conceitos e o mundo que vamos viver.
Fomentar discussões sobre esta pauta, políticas públicas mais inclusivas e apoiar a representatividade de pessoas 60+ em todos os cenários são formas de quebrar paradigmas e reforçar a identidade deste público, abrindo caminho para uma revolução cultural e social, reinterpretando a velhice através da aceitação das mudanças no corpo, as rugas e cabelos brancos, sem que isto signifique diminuição das capacidades produtivas e criativas.
Equilíbrio nos hemisférios
Uma boa notícia vem do diretor da George Washington School of Medicine and Health Sciences (Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade de Washington): ele garante que o cérebro de uma pessoa idosa é muito mais prático do que se acreditava até agora.
Segundo o médico, por volta dos 60 anos a interação dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro torna-se harmoniosa, expandindo as possibilidades criativas.
Essa explicação fortalece o que se observa na prática cotidiana, através do crescente número de homens e mulheres que promovem mudanças radicais em suas vidas quando completam 60 anos.
Para alcançar esta qualidade de vida, especialistas aconselham o desenvolvimento intelectual com o aprendizado de novas ocupações, maior interesse por atividades artísticas e físicas, fazer planos para o futuro, viajar, fortalecer as amizades, enfim, viver a vida de forma plena e saudável.
*Marta Schlichting e Carmen Carlet são jornalistas e atuam na CCMS Multicomunicação
Perfil Geral 60+ no Brasil
• 34,1 milhões de pessoas;
• Representam 16,2% da população;
• 34,5% dos lares brasileiros têm pelo menos uma pessoa nesta faixa etária;
• 83,4 % moram com suas famílias;
• 16% vivem sozinhas, ou com esposos e companheiros;
• 1% reside em Instituições de Longa Permanência para Idosos;
• 22,9% continuam a trabalhar;
• 24,9% contribuem com mais de 50% da renda familiar.
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – IBGE, 2020
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