Descubra os benefícios da dançaterapia
Essa modalidade - que integra as terapias artísticas criativas - atua através do uso psicoterapêutico do movimento e da dança para apoiar as funções emocionais e motoras do corpo
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Somos seres naturalmente propensos ao movimento: cada parte do nosso corpo invoca a mobilidade e a expressão física. E nesse contexto, surge a dança como uma forma natural, potente e criativa de movimentação ritmada, que traz inúmeros benefícios para o corpo e para a mente. Mas a dança pode ser uma atividade potencializada e levada ao âmbito terapêutico, promovendo bem-estar e saúde (física, mental e emocional); nesse caso, ela passar a ser denominada “dançaterapia”.
De acordo com a bailarina e professora de dança Cristina Bortolini (pós-graduada em Dançaterapia e proprietária do Pór Estúdio de Dança), essa modalidade de atividade que integra as terapias artísticas criativas atua através do uso psicoterapêutico do movimento e da dança para apoiar as funções emocionais e motoras do corpo, analisando a correlação entre movimento e emoção.
Cristina explica que a dançaterapia é uma forma de reapropriação da linguagem corporal, de conexão com nós mesmos, além de ser um modo eficaz de liberar tensões, de aguçar o senso espacial, a coordenação motora, o equilíbrio e a concentração. No campo mental e emocional, ela ativa funções cognitivas importantes, acionando também a memória afetiva, o senso de pertencimento, de colaboração e a socialização. Vale frisar que a dançaterapia integra a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Primeiros passos
A bailarina conta que em 2022 (final da Pandemia), quando voltou a dar aulas de dança, percebeu a dificuldade das crianças em socializar e a se adaptar às novas rotinas e interações sociais. ”A maioria apresentava dificuldade de aprendizado, concentração, Síndrome do Pânico, déficit de atenção e falta de concentração. Com isso percebi que aquela forma ‘quadrada’ de ensinar dança não geraria os resultados esperados por mim como profissional”. E completa: “Acredito que a dança transforma vidas, gerando relações de valor. Com base nisso, fui atrás de uma especialização e descobri a dançaterapia”.
Desde março de 2024, quando Cristina concluiu a Pós-Graduação na área, começou a inserir em todas as aulas abordagens da dançaterapia e percebeu o quanto as crianças, jovens e adultos usufruíam dos seus benefícios. Ela conta que atualmente, o estúdio possui duas alunas que praticam a modalidade como terapia ocupacional: uma é portadora da Síndrome de Rett e outra possui Transtorno do Espectro Autista (TEA) e TDAH.
Educar o olhar
A professora de dança e especialista em dançaterapia ressalta algumas questões importantes ligadas à abordagem. “A primeira medida é educar o olhar: o aluno não é a doença! Ter características de determinado transtorno, síndrome, não torna a pessoa incapacitada - apenas direciona o seu trabalho para ter maior eficiência nos caminhos escolhidos e orienta-se melhor sobre suas interpretações”.
Cristina acredita que aprender sobre as possibilidades de quadros diferentes de transtornos que existem hoje na sociedade auxilia educadores a terem um melhor relacionamento com os alunos e familiares, pois a família toda sofre mudanças de acordo com o estado de saúde de seus membros. “Ninguém adoece sozinho; é um problema de toda a célula familiar”, afirma.
Sobre a escola de dança
O Pór Estúdio de Dança (Garibaldi) é liderado por Cristina Bortolini, que pratica essa arte desde seus 11 anos de idade. A bailarina tem 23 anos de experiência na área, é pós-graduada em Dançaterapia, mas estudou previamente teatro, tv e cinema na Globe-SP em 2007, período em que trabalhou como modelo e atriz na capital paulista. A professora hoje é especialista em jazz dance, lírico e musical com abordagem em dançaterapia. Trabalha com público infantil, juvenil e adulto, utilizando metodologias lúdicas que compreendem o ser humano como um todo.
O estúdio é a realização da infância de Cristina, que desde seus 4 anos, sonhava em ser bailarina. Foi inaugurado em fevereiro de 2022 e atualmente possui diversas modalidades: jazz, ballet clássico, k-pop, danças urbanas, contorcionismo e dançaterapia. Segundo a proprietária, todo trabalho realizado nesse espaço preza pela conexão da arte com a natureza de forma orgânica. Ela pontua: “As aulas são elaboradas respeitando a individualidade dos alunos, como seus corpos e suas limitações, levando eles a alcançarem o sucesso que almejam na dança”.
Significado da palavra PÓR
Pór é uma palavra indígena que significa saltar, existir. Essa palavra foi escolhida pois simboliza as raízes de Cristina com sua família materna, que é do Amazonas, e possui antepassados do Povo Munduruku.
Quadro de professores que atuam no estúdio:
- Jazz e Dançaterapia: Cristina Bortolini
- Ballet clássico: Marina Provensi
- Ballet clássico iniciante: Gabriele Gallina
- Ballet clássico iniciante e pontas, contorcionismo e jazz avançado: Lully Mesturini
- K-pop: Dia Vitória
- Danças urbanas: Léo Pedrolo