Olhar ayurvédico promove a saúde das crianças
Especialmente para as crianças, “alimento” é tudo aquilo que é processado pelos órgãos dos sentidos: comida, desenhos animados, jogos, música, toques, conversas e outros
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Ao falarmos de saúde de crianças logo vêm à mente os esforços para aumentar a imunidade principalmente no inverno. Nos últimos anos, além das gripes e alergias, a preocupação em relação às crianças se estende às intolerâncias alimentares e mesmo aos diagnósticos comportamentais e/ou ligados ao desenvolvimento psicomotor (ou social), entre outras particularidades.
Diante desta realidade, mais do que nunca é preciso recuperar e priorizar um olhar de dentro para fora. “Com crianças, é necessário priorizar e redobrar os cuidados ligados ao que elas consomem de forma integral. Cuidar do metabolismo da criança se torna tão importante como sua alfabetização. Isso se refere a equilibrar sua capacidade digestiva, ou seja: como essa criança processa os alimentos que ela recebe”, aponta a terapeuta ayurveda Sabrina Sainz.
Traduzido como a ciência da vida, o Ayurveda é uma sabedoria milenar que traz de um jeito metódico e detalhado de observação dos comportamentos do ser humano, sem separar corpo, mente e alma. Desta forma, especialmente no caso das crianças, “Alimento” é considerado tudo aquilo que requer ser processado pelos órgãos dos sentidos: comida, desenhos animados, jogos, música, toques, conversas e mesmo as repreensões que a criança vivencia em consequência de seus atos.
“Crianças precisam de um fogo digestivo ativo e em equilíbrio, caso contrário, começam os sinais de doenças. Podemos pensar numa panelinha no estômago, se for o caso de digerir comida ou numa fogueira de acampamento no caso de digerir emoções. Se o fogo não estiver aceso ou estiver muito baixo, o alimento não será corretamente digerido, gerando toxinas, inflamações, secreções e emoções estagnadas ou não liberadas saudavelmente. Se o fogo for excessivo, o alimento não nutre e pode, por exemplo, aparecer como manifestação de raiva ou mesmo em problemas de pele”, explica a terapeuta.
A terapeuta considera fundamental focar os esforços em conhecer o que cada criança requer para se manter equilibrada e, principalmente, ensinar a ela com leveza. Explicar sobre o que nos faz bem, quando faz bem, para que comemos, quais os benefícios de cada alimento. Sabrina orienta lançar mão de histórias atraentes, incentivar a participação ativa dos pequenos nas compras e na cozinha, usar brincadeiras didáticas e momentos de respirações conscientes em família, que podem tornar o processo mais divertido.
“É através da incorporação de hábitos - não aleatórios e anti-inflamatórios - que se consegue restaurar esse equilíbrio e, assim, evitar doenças ou manifestações desconfortáveis que podem interferir no desenvolvimento leve e feliz das nossas crianças”, explica Sabrina.
Esses hábitos precisam de certa flexibilidade para lograr um sistema organicamente equilibrado, observando as nuances naturais próprias da constituição da criança, o clima externo, as estações do ano e as fases próprias do desenvolvimento do pequeno ser.
“Entender quais os melhores alimentos e quais os momentos adequados será um caminho particular e único, de muita observação e de muita paciência, mas fundamental para auxiliar as nossas crianças a terem a oportunidade de contar com uma estrutura saudável para o que for que elas sonhem realizar”, finaliza.
Saiba mais*:
Causas que reduzem o fogo digestivo
- Beber muito líquido durante as refeições, principalmente bebidas frias;
- Comer mais do que o fogo pode dar conta ou exigir demais dele com produtos pesados ou muito processados;
- Direcionar o fogo digestivo para processar outras tarefas (como por exemplo, prestar atenção num desenho animado);
- Digerir uma briga;
- Tomar banho logo após a refeição;
- Situações que tirem o foco do momento de se nutrir.
Como equilibrar o fogo digestivo
- Evitando os itens que reduzem o fogo digestivo.
- Chegando ao momento da refeição com fome.
- Procurando que o foco seja o alimento, priorizando alimentos cozidos, leves, frescos e de fácil digestão.
- Mastigando bastante o alimento e bebendo goles pequenos de bebidas mornas, se for necessário.
- Dando tempo de evacuar corretamente antes de somar várias refeições.
- Utilizando especiarias nas refeições e chás adequados.
- Evitando algumas combinações de difícil digestão, como carnes e lácteos, frutas com lácteos ou ovos com outras proteínas animais (quanto evitar e quando, sempre vai depender da potência digestiva de cada criança).
*Fonte: terapeuta ayurveda Sabrina Sainz.