Jogos de aposta criam situação patológica

Conforme pesquisa, 10,9 milhões de brasileiros já apresentam sintomas de dependência em jogos de aposta, entre eles os Bets

Redação NBE

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22/04/2025
Jogos de aposta criam situação patológica Freepik/NBE

3 min de leitura

Levantamento conduzido pela Universidade Federal de São Paulo e pela Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas mostra que 10,9 milhões de pessoas no Brasil apresentam sintomas de dependência em jogos de aposta, com maior prevalência entre os adolescentes e pessoas de baixa renda.

Destes, 1,4 milhão de pessoas já desenvolveram transtornos de jogo, tendo o envolvimento com apostas associadas a prejuízos pessoais, sociais ou financeiros

O inquérito epidemiológico, que entrevistou uma amostra representativa de 16,6 mil participantes com 14 anos ou mais em todas as regiões brasileiras entre os anos de 2023 e 2024, integra a terceira edição do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), da Unifesp, divulgado recentemente pelo Observatório Brasileiro de Informação sobre Drogas, do Ministério da Justiça.

Segundo o estudo, 25,9% da população brasileira já apostou ao longo da vida e 17,6% apostou no último ano. As plataformas digitais, conhecidas como “bets” já são a segunda modalidade de jogos mais utilizada no país, respondendo por 32,1% - quase um terço – dos apostadores. Em números absolutos, 9,13 milhões de brasileiros utilizam plataformas online para jogos.

Situação de risco

Mais de um terço (38,4%) dos brasileiros que apostaram no último ano foram considerados em situação de risco ou já são considerados jogadores problemáticos, segundo a escala PGSI (em inglês, Problem Gambling Severity Index) instrumento utilizado no estudo e que identifica critérios diagnósticos do Transtorno de Jogo. A patologia é reconhecida pelo Manual Diagnóstico de Transtornos Psiquiátricos.

Os dados apontaram ainda que 4,4% (IC95%: 2,8-6,8) do total de apostadores possivelmente já desenvolveram o transtorno de jogo, o que equivale a 0,8% da população brasileira.

Tela de celular com jogo de aposta

Foto: Reprdoução Governo de São Paulo

Adolescentes têm maior chance de desenvolver o vício

Ainda que a proporção de apostadores seja menor entre adolescentes (10,5%), eles têm maiores chances de desenvolver problemas.

Mais da metade dos apostadores com idade entre 14 e 17 anos já tem indicação de jogo de risco ou problemático (55,2%), enquanto este índice chega a 37,7% entre os adultos.

Os usuários das “bets” (plataformas online) também estão mais propensos a problemas, com chances quadruplicadas de desenvolver o chamado Transtorno de Jogo.

Entre esses apostadores a proporção de indivíduos com indicação de risco ou problema chega a 66,8%, contra 26,8% entre os apostadores que não usam essa modalidade de apostas.

Renda mensal baixa

Apostadores com renda mensal inferior a um salário-mínimo também têm maior risco de desenvolver problemas.

Mais da metade dos apostadores desse estrato da população já apresentam indicação de jogo de risco ou problemático (52,8%), ante 21,1% entre os apostadores com renda superior a dois salários-mínimos.

“Os dados do levantamento evidenciam a crescente popularidade dos jogos de apostas no Brasil, impulsionada pelas plataformas online. Além disso, o envolvimento precoce de adolescentes e os altos índices de problemas entre usuários de bets e a relação entre vulnerabilidade socioeconômica e o maior risco de transtorno de jogo reforçam a urgência de políticas públicas que protejam a saúde mental da população”, afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, professor-titular da Unifesp, diretor da Unidade de Álcool e Drogas (Uniad) e presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.

Segundo ele, é fundamental que, diante do cenário identificado, os gestores do SUS (Sistema Único de Saúde) apresentem modelos eficazes de tratamento de apostadores de risco ou diagnosticados com transtorno de jogo.

O diretor da Uniad também alerta para a necessidade de medidas de prevenção por meio de políticas públicas regulatórias. Para o psiquiatra, diante dos resultados do estudo, torna-se fundamental a implementação de estratégias preventivas que busquem reduzir os danos associados aos jogos de aposta, especialmente entre populações vulneráveis, como crianças, adolescentes e indivíduos suscetíveis ao desenvolvimento de comportamentos de risco.

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