Depressão e ansiedade na adolescência: impacto e sinais de alerta
A ocorrência de transtornos de saúde mental nessa faixa-etária impacta a vida dos jovens, exigindo atenção para os primeiros sinais de alerta
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A saúde mental dos adolescentes é influenciada por diversas questões que incluem o contexto social e cultural, ambiente familiar, qualidade de vida e relação com seus pares. Mas vale ressaltar que a exposição a fatores de risco - como escassez de recursos básicos, estigma, abuso, violência, discriminação ou exclusão - podem potencializar a ocorrência de transtornos como depressão e ansiedade. E esses transtornos podem impactar fortemente a vida do jovem e seu futuro.
Impacto pode se estender à vida adulta
Segundo a psicóloga Elisa Koff Dametto, o impacto desses transtornos na vida do adolescente varia de acordo com o grau de ansiedade e/ou depressão. Podem ser afetados determinados aspectos ou pode ocorrer um comprometimento severo do desenvolvimento, com prejuízo em diversas áreas da vida desse adolescente. Ela afirma que os pais precisam estar atentos, a fim de detectar e tratar essas condições, caso contrário, as consequências podem se estender à vida adulta, prejudicando a saúde como um todo e limitando o futuro desses jovens.
Elisa detalha: “Nessa fase, o cérebro do adolescente está fervilhando, cheio de criatividade e potencialidades. São muitas coisas a serem desenvolvidas e descobertas enquanto a personalidade vai se moldando. Quando o transtorno é severo, o jovem não consegue realizar todas essas funções de uma maneira saudável, livre e criativa”. E completa: “As interações sociais ficam muito prejudicadas, assim como a aprendizagem e a saúde”.
Fique atento aos sinais de alerta
A psicóloga explica que é preciso atenção em relação às mudanças de comportamento do adolescente e cita alguns sinais de alerta que podem significar um pedido silencioso de ajuda. “Observe se ele está mais triste, recluso e/ou mais agressivo, mais irritado. Se está perdendo o prazer de fazer coisas que gostava, se está deixando de interagir com os amigos ou se está muito retraído”.
Outro sinal citado por ela é a mudança brusca de notas na escola. “Quando um adolescente que sempre foi bem nessa questão começa a decair, é preciso ficar de olho, para descobrir se tem alguma coisa acontecendo”. A terapeuta menciona também a importância de atentar para casos de exclusão social ou mesmo situações que envolvam bullying, principalmente no ambiente escolar ou junto aos grupos que o jovem frequenta.
Elisa frisa que no caso da ansiedade, podem ocorrer crises que incluem o medo de enfrentar situações sociais, e, dependendo do grau do transtorno, medo de sair de casa. “Essas crises podem levar a respostas fisiológicas, como o coração disparando, as mão suando, a garganta apertada e uma série de outros incômodos”.
Outra questão destacada pela psicóloga é a atenção em relação aos comportamentos de risco. “Nesses casos, em especial, a orientação dos pais ou responsáveis é fundamental, assim como a busca de ajuda profissional, caso contrário, o adolescente pode buscar conselhos ou opiniões em outro lugar, junto a pessoas que podem não ser um bom exemplo ou a melhor escolha”, afirma.
Por fim, a psicóloga chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce e do diálogo em casa. “É preciso criar a cultura de diálogo familiar, o espaço de escuta, para que essas coisas apareçam com mais facilidade e para que os adolescentes se sintam mais à vontade para trazer essas questões, pois em geral, eles não tomam a iniciativa de falar livremente”.
E finaliza: “Além da escuta, do diálogo, é essencial ajudá-los a resolver os problemas ao invés de simplesmente punir. Percebendo esses sinais precocemente, pode-se tratar rapidamente, evitando não só o agravamento do transtorno, mas como já foi dito, a possibilidade de que as consequências se estendam para a vida adulta”.