Pequenas empresas: a busca por um modelo coletivo
Empreender de forma coletiva, em uma das múltiplas formas de associativismo, pode contribuir eficazmente para superar os obstáculos
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Um dos maiores desafios da contemporaneidade é a mudança do modelo socioeconômico dominante. Modelo este baseado em uma cultura de consumo desenfreado, desperdício, competição e valorização do individualismo.
Para os micro e pequenos empresários a instabilidade, que a somatória de crises produz, significa fragilizar a possibilidade de recuperação de seus negócios após mais de um ano de dificuldades extremas.
A crise climática global em curso, agravada pelo desmatamento da Amazônia, vem se manifestando no Brasil sob a forma de escassez de chuvas afetando nossa matriz energética majoritariamente hídrica e causando aumento severo nas tarifas da energia elétrica.
São muitos os micro e pequenos empresários que já não conseguem arcar com o custo deste insumo essencial para suas atividades. O compartilhamento de espaços de produção e/ou de armazenamento e serviços pode significar um alívio neste tipo de despesa.
O modelo econômico atual é perverso e adverso para 95% das empresas brasileiras, que são micro e pequenas, e enfrentam dificuldades de toda ordem para se manter funcionando, ainda mais em um cenário de diminuição do poder aquisitivo da população, cada vez mais empobrecida.
Precisamos, pois, repensar nosso modo de ser, estar, produzir, descartar e, acima de tudo, de nos relacionar em um mundo de mudanças tão profundas. Ter coragem de buscar novas formas de atuação, superando a cultura do individualismo e da competição.
Empreender de forma coletiva, em uma das múltiplas formas de associativismo, pode contribuir eficazmente para superar os obstáculos.
Trabalhar em grupo significa ter vantagens como comprar materiais e insumos em quantidade maior e, portanto, conseguir melhores preços; ter volume de produção para poder participar de licitações públicas e fornecimento a grandes redes de distribuição; compartilhar espaços físicos, maquinário, meios de transporte; contratar em conjunto serviços de contabilidade e de assessoria jurídica; elaboração de sites para vendas pela internet e assim por diante.
Para além destes benefícios concretos, acontece o fortalecimento dos empreendedores enquanto classe, permitindo que tenham mais força junto às instâncias de poder, ampliando sua voz e aumentando a possibilidade de terem seus pleitos atendidos.
Em todo o mundo os pequenos se unem para criar uma economia, associativa, solidária, colaborativa em que os empreendedores se vejam como parte de uma rede robusta que possa suportar as intempéries e gerar soluções criativas e inovadoras.
Aprender uns com os outros, caminhar juntos, desenvolver habilidades complementares, ter empatia, solidariedade, saber ouvir, desenvolver a capacidade de formular novos conceitos, adotar hábitos saudáveis e ambientalmente corretos são práticas que precisamos adotar para construir uma outra realidade para nós, nossas empresas, nosso bairro, nossa cidade, nosso país e nossa Mãe-Terra.
Fonte: portal OUTRAS PALAVRAS - Artigo de Miriam Duailibi e Sergio Miletto