O que o seu dinheiro financia?
Investidores conscientes e tomadores de empréstimos se encontram nos Bancos Éticos
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O banqueiro catalão Joan Melé, um homem de muitas perguntas e que questiona empresas e investidores sobre “o que o seu dinheiro financia?”, vem promovendo na sociedade a reflexão sobre como é possível contribuir para melhorar o mundo usando o dinheiro de forma consciente.
Mais do que perguntas, Joan Melé apresenta respostas.
Joan Melé
Ao longo de mais de 40 anos de atuação à frente dos chamados Bancos Éticos na Europa, Melé tem se empenhado na formação de uma nova consciência, a fim de “conectar investidores conscientes com organizações cujos produtos ou serviços tenham impacto positivo na sociedade e no planeta”. A ideia é que estes recursos financeiros sejam utilizados para um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
Significa dizer que nestes bancos são adotados critérios de investimento explícitos, que incluem total transparência nas operações e uma política corporativa baseada no impacto social e ambiental. Ao contrário dos demais bancos comerciais, os Bancos Éticos não especulam com dinheiro e a gestão financeira das carteiras dos clientes funciona somente na economia real.
Ganhando o mundo
Os Bancos Éticos surgiram na Europa dos anos 1970 e hoje são representados por mais de 50 instituições financeiras no mundo. Estão alinhados ao Global Alliance for Banking on Values (GABV), uma rede global de bancos independentes que tem como premissa o desenvolvimento sustentável da economia, do meio ambiente e da sociedade.
A realidade dos Bancos Éticos chegou à América Latina em 2016. Em 2019, foi realizado o primeiro encontro latino-americano da Banca Ética em Santiago do Chile, com equipes da Argentina, Uruguai, Brasil e Chile.
A Banca Ética Latino-americana ainda não se configura como um banco, mas já realiza operações de crédito com o mesmo propósito de contribuir para o desenvolvimento de uma nova economia para a América Latina, baseada em valores como o respeito e a dignidade do ser humano, bem como o cuidado com o meio ambiente.
No Brasil
Melé criou a Fundação Dinheiro e Consciência, que propõe uma economia centrada na dignidade humana. Em 2022 o banqueiro catalão participou em Fortaleza do evento Encontro de Joan Melé com Empreendedores Sociais e trouxe vários questionamentos aos participantes, entre eles “como pode ser que 1% da população mundial acumule mais riqueza do que os outros 99% da população?”.
Segundo Melé, o foco exclusivamente no crescimento, no dinheiro e nos negócios têm gerado a perda da dignidade humana e a própria destruição do Planeta.
“Isto não é normal, não é lógico, não é necessário e creio que não seja sequer tolerável”, pontuou Joan Melé.
“A própria ciência se focou em uma visão reducionista do ser humano. Eu digo aos jovens – não se adaptem a esta sociedade porque esta sociedade está doente e se vocês se adaptarem se tornarão doentes também. Nossa sociedade precisa recuperar a dignidade humana”, afirmou o banqueiro em palestra.
Com propósito bem claro, a Banca Ética Latino-americana só empresta dinheiro para empresas e organizações com impacto socioambiental positivo e que se encaixam em um dos eixos de investimento do grupo: educação e cultura, desenvolvimento social e inclusão, além de meio ambiente. “O objetivo de uma empresa é de que o mundo fique melhor graças a ela” conclui o banqueiro.
Desde 2016. Já foram mobilizados US$ 89 milhões para 900 negócios na região e recentemente a Banca Ética iniciou a captação de R$ 20 milhões para um fundo de crédito no Brasil. As operações são realizadas em parceria com a empresa especialista em Fundos de Investimentos.
- Saiba mais sobre as ideias de Joan Melé na entrevista exclusiva realizada pelo Nosso Bem Estar Comprar, doar e poupar.
- Indicamos o livro Dinheiro e Consciência – A quem meu dinheiro serve?, de Joan Melé – editora João de Barro.
Assista o vídeo de Joan Antoni Melé: Dignidade humana, fundamento de uma nova economia: