Emergência Climática e o saber cuidar da Vida
Aos 84 anos, Filósofo promove reflexões necessárias e urgentes
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A Emergência Climática e o saber cuidar da Vida é o tema de palestra do filósofo e teólogo Leonardo Boff, no dia 26 de setembro, às 19h, no UCS Teatro, em Caxias do Sul.
Neste momento, as consequências da ação humana sobre o planeta impactam diversas regiões. Incêndios, enchentes e outras catástrofes dominam o noticiário, deixam vítimas e desabrigados. A palavra de Leonardo Boff, que desde a década de 80 alerta para a questão, é importante e mais atual do que nunca.
Na palestra em Caxias do Sul, Leonardo Boff vai aprofundar as reflexões sobre a necessária fraternidade ambiental da humanidade para com o Planeta Terra, promovendo a consciência de que as nossas ações geram consequências diretas ou indiretas nas nossas vidas e de nossos familiares, amigos e (municípios) vizinhos, bem como na de todos os demais seres vivos.
Os ingressos para a palestra podem ser retirados junto às entidades organizadoras, mediante a doação de alimentos não perecíveis, artigos de higiene e/ou materiais escolares. As doações devem ser entregues no mesmo local da retirada dos ingressos.
A vinda de Leonardo Boff à Serra Gaúcha é uma iniciativa da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e do Fórum das Entidades, Movimentos e Pastorais Sociais. O Fórum é composto por dezenas de organizações de Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves e Ipê, empenhadas em trazer para a região temas de debates nacionais e palestrantes renomados. Exemplo disto foi a palestra do filósofo Frei Betto, em 2023, e do próprio Leonardo Boff, em 2022.
Sobre a Carta da Terra
“A Terra mudou e a maioria não se dá conta. Nunca mais será como antes. Ou tomamos coletivamente medidas de prevenção e minoração dos efeitos danosos ou assistiremos, assombrados, a eventos como aqueles ocorridos no Sul. E serão cada vez mais frequentes”, alertou Leonardo Boff em recente publicação em suas redes sociais.
Boff domina como poucos as questões ambientais. O tema Ecologia é frequente em dezenas de seus livros e se destacou também internacionalmente como o representante da América Latina na elaboração da Carta da Terra, documento mundial publicado no ano 2000 que ficou conhecido como A Carta dos Povos.
A* Carta da Terra* é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Parte de uma visão integradora e holística, que considera a pobreza, a degradação ambiental, a injustiça social, os conflitos étnicos, a paz, a democracia, a ética e a crise espiritual como problemas interdependentes que demandam soluções includentes.
O projeto da Carta da Terra começou como uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), mas se tornou uma proposta global da sociedade civil. Ao longo de 10 anos, a redação da Carta da Terra envolveu o mais inclusivo e participativo processo associado à criação de uma declaração internacional. A legitimidade do documento foi fortalecida pela adesão de mais de 4,5 mil organizações.
A Carta da Terra é uma Declaração Universal dos Deveres Humanos, uma vez que o Homem é o grande agente modificador dos ecossistemas da Terra. Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada, voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É uma visão de esperança e um chamado à ação.
Sobre Leonardo Boff
Neto de imigrantes italianos da região do Vêneto, vindos para o Rio Grande do Sul no final do século XIX, Leonardo Boff nasceu em Concórdia, Santa Catarina, em 14 de dezembro de 1938.
Doutorou-se em Teologia e Filosofia na Universidade de Munique, Alemanha. É doutor Honoris Causa em Política pela universidade de Turim (Itália) e em Teologia pela universidade de Lund (Suécia). Foi professor durante 22 anos em vários centros de estudo e universidades no Brasil e no exterior, além de professor-visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e Heidelberg (Alemanha).
Em 2001 foi agraciado com o Prêmio Nobel Alternativo em Estocolmo (Right Livelihood Award), e recebeu vários prêmios no Brasil e no exterior, por causa de sua luta em favor dos marginalizados e dos Direitos Humanos.
Ingressou na Ordem dos Frades Menores, franciscanos, em 1959, e esteve à frente da criação da chamada Teologia da Libertação. Em razão de suas teses ligadas à Teologia da Libertação, apresentadas no livro “Igreja: Carisma e Poder”, foi submetido a um processo pela Sagrada Congregação para a Defesa das Fé, ex Santo Ofício, no Vaticano. Em 1985, foi condenado a um ano de “silêncio obsequioso” e deposto de todas as suas funções editoriais e de magistério no campo religioso. Sua pena foi suspensa em 1986, após uma pressão mundial sobre o Vaticano.
Em 1992, renunciou às suas atividades de padre e se autopromoveu ao estado leigo. Foi sempre um ardoroso defensor da causa dos Direitos Humanos, tendo ajudado a formular uma nova perspectiva dos Direitos Humanos a partir da América Latina.
É autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia, Mística e Ecologia, entre eles Habitar a Terra: Qual O Caminho Para A Fraternidade Universal?; A nova visão do universo; O doloroso parto da Mãe Terra; A casa comum, a espiritualidade e o amor; Ecologia, grito da terra grito dos pobres, dignidade e direitos da Mãe Terra.