A rede que balança o mundo
O que era para ser uma modesta ação em família resultou na doação de 42 mil litros de água mineral de Gravatal para o RS
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A canção Balanceiro, de Juliana Linhares, pode ser a trilha sonora do trabalho de milhares de voluntários de todo Brasil e exterior que vêm oferecendo ajuda ao Rio Grande do Sul, devastado pelas enchentes neste maio de 2024. Como na letra da música, cada voluntário parece afirmar: “eu não posso mudar o mundo, mas eu balanço”.
Atitudes que balançam
No município de Gravatal, sul de Santa Catarina – conhecido pelas curativas águas termais – a gaúcha Aline Marques Schwengber decidiu transformar a comoção com o desastre em atitude.
Aline, que é natural chef e trabalha em uma empresa de produtos naturais em Gravatal, conversou com a tia - a assistente social Rosane Marques, moradora da capital gaúcha - e decidiu articular o envio de um caminhão de água mineral para a região metropolitana de Porto Alegre. O que era para ser uma modesta ação em família, acabou tomando proporções bem maiores.
Com o apoio de amigos, elas ampliaram o movimento e passaram a contar com a contribuição de conhecidos próximos. E, para dar mais transparência à mobilização e aos recursos arrecadados, recorreram ao conhecido site vakinha.com.br.
A meta inicial era entregar um caminhão com 1.056 galões de 10 litros de água, o que implicava em arrecadar R$ 8.192,00 em apenas sete dias (7 a 13 de maio).
Toda comunicação foi feita através de whatsapp e a vaquinha, que contou com cerca de 370 contribuintes, acabou totalizando, em uma semana, R$ 32.832,00, ou seja, mais de 400% da meta inicial.
Com o montante, e a parceria firmada com o Ministério Público do Rio Grande do Sul que assumiu o custo do transporte, foram adquiridos quatro caminhões de água ou 42.240 litros. As doações foram encaminhadas a diferentes centros de distribuição da região metropolitana.
Revendo a intensidade da iniciativa, Aline se deu conta que o voluntariado ajudou não só as vítimas da tragédia. “O movimento para fazer a vaquinha andar em tão pouco tempo acabou amenizando o meu próprio sofrimento, porque acompanhar as notícias e não fazer nada é muito angustiante”, confessa a chef, que constatou que uma rede de solidariedade balança o mundo a muitas mãos.