Projetos culturais promovem a educação para a inclusão
Oficinas e iniciativas culturais permitem ao público aprender e vivenciar a realidade das pessoas com deficiência
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Enquanto o mundo acompanha os sonhos dos atletas de ganharam suas medalhas nos Jogos Paralímpicos Paris 2024, no Sul do Brasil o sonho do músico com deficiência visual Alexandre Battisti de promover a inclusão através da cultura vai se consolidando.
Alexandre teve seu projeto Inclusão Cultural - Soluções de Acessibilidade aprovado pelo Ministério da Cultura e Secretaria da Cultura do Estado e está sendo realizado desde junho com recursos da lei complementar n°195/2022.
Através de oito oficinas gratuitas desenvolvidas nas cidades gaúchas de Farroupilha, Caxias do Sul, Flores da Cunha e Bento Gonçalves, Alexandre Battisti tem promovido uma educação para a acessibilidade.
“O próprio nome do projeto já remete para a proposta falar do tema e mostrar o que é possível. O pessoal tem demonstrado um interesse muito grande e costuma trazer muitos questionamentos. A iniciativa deste projeto é para que as pessoas possam aprender a fazer acessibilidade. Mas não adianta só falar. Tem que mostrar. Então, nas oficinas a gente leva bengala, vendas de olhos, cadeiras de roda, libras. Eu falo da minha vivência enquanto deficiente, sobre as dificuldades para as pessoas com deficiência com relação a atitudes, comunicação e arquitetura de locais sem acessibilidade, sem rampa, sem orientação. Também levo meu acordeon para fazermos interação”, explica Alexandre Basttisti.
Oficinas ministradas:
- Oficina 1 - "Sensibilização e capacitação dos profissionais do projeto"
- Oficina 2 - "Como contar histórias, fazer teatro, dança e palestras para pessoas com autismo, pessoas com deficiência visual, surdos e pessoas com deficiência física"
- Oficina 3 - "Desenvolvimento de Tecnologias Assistivas e Criação de Material Didático Acessível"
- Oficina 4 - "Acessibilidade atitudinal, comunicacional e física"
- Oficina 5 - Acessibilidade para Equipes de produção: Som, Luz e Imagem para atender ao público surdo, com deficiência visual e/ou com autismo"
- Oficina 6 - "Ações de Acessibilidade em Espaços Virtuais"
- Oficina 7 - "Intercâmbio de Experiências e Consultoria/Mentoria"
A última oficina - Teatro com Vivência 100% inclusiva – acontece no dia 11 de outubro no Teatro Municipal Pedro Parenti, de Caxias do Sul, as 15h45, quando o público será convidado a viver a experiência de deficiente.
O público em geral vai assistir a peça teatral A Magia do Livro com vendas nos olhos. Para o público surdo presente haverá intérprete de libras e outros cuidados especiais, como iluminação adequada e equipe treinada, vão contemplar o público autista ou com deficiência intelectual.
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Arte viva nas escolas públicas
Outro projeto em andamento com foco na inclusão é o Arte Viva nas Escolas Públicas, também realizado com recursos da lei complementar n°195/2022 e apoio do Ministério da Cultura e da Secretaria da Cultura do Estado do RS.
Este projeto foi idealizado e está sendo executado pela APAC -Associação dos Produtores de Arte e Cultura de Flores da Cunha - com a participação de 26 profissionais engajados em trazer diversos segmentos artísticos para dentro da sala de aula. Parte deles é deficiente e os demais são educadores.
São 19 oficinas gratuitas sobre: música, pintura, teatro, dança, canto, literatura, desenho e muito mais. As oficinas são nas cidades de Farroupilha, Caxias do Sul, Flores da Cunha e Bento Gonçalves e têm o objetivo de promover a cultura e a educação para a acessibilidade. O projeto iniciou dia 8 de agosto e seguem acontecendo até outubro.
A ideia é proporcionar aos participantes vivenciar o universo da deficiência, como por exemplo pintar com olhos vendados, dançar em cadeira de rodas ou com muletas, dançar num baile com a vibração do som. Situações comuns na realidade de pessoas com deficiência.
“Em minha oficina de Dança para Corpos Diversos para alunos de 6º ao 9º ano convoquei os estudantes a saírem da zona do conforto, improvisarem os movimentos de uma parte do corpo e até dançarem com olhos fechados”, conta Roberta Spader que é muletante (usuárias de muletas) e especializou-se em Educação Física Especial Inclusiva.
Diante da condição de deficiência, Roberta observou que os alunos se sentiram limitados e se restringiram até mesmo para manifestar o que eles tinham de bagagem de dança, como balé, funk e outros. No final eles se soltaram e a oficina acabou com a montagem espontânea de uma coreografia.
“É este sentimento de limitação que precisamos também romper na sociedade. Estamos em construção. Já melhorou muito, mas ainda não está ideal. Precisamos incluir o imigrantes que falem outras línguas, os obesos, as mães com filhos pequenos... As escolas precisam estar preparadas para receber todos. A inclusão tem que ser para todos. Senão, se torna segregação”, finaliza.
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