Projetos culturais promovem a educação para a inclusão

Oficinas e iniciativas culturais permitem ao público aprender e vivenciar a realidade das pessoas com deficiência

Redação NBE

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29/08/2024
Projetos culturais promovem a educação para a inclusão Reprodução

4 min de leitura

Enquanto o mundo acompanha os sonhos dos atletas de ganharam suas medalhas nos Jogos Paralímpicos Paris 2024, no Sul do Brasil o sonho do músico com deficiência visual Alexandre Battisti de promover a inclusão através da cultura vai se consolidando.

Alexandre teve seu projeto Inclusão Cultural - Soluções de Acessibilidade aprovado pelo Ministério da Cultura e Secretaria da Cultura do Estado e está sendo realizado desde junho com recursos da lei complementar n°195/2022.

Através de oito oficinas gratuitas desenvolvidas nas cidades gaúchas de Farroupilha, Caxias do Sul, Flores da Cunha e Bento Gonçalves, Alexandre Battisti tem promovido uma educação para a acessibilidade.

“O próprio nome do projeto já remete para a proposta falar do tema e mostrar o que é possível. O pessoal tem demonstrado um interesse muito grande e costuma trazer muitos questionamentos. A iniciativa deste projeto é para que as pessoas possam aprender a fazer acessibilidade. Mas não adianta só falar. Tem que mostrar. Então, nas oficinas a gente leva bengala, vendas de olhos, cadeiras de roda, libras. Eu falo da minha vivência enquanto deficiente, sobre as dificuldades para as pessoas com deficiência com relação a atitudes, comunicação e arquitetura de locais sem acessibilidade, sem rampa, sem orientação. Também levo meu acordeon para fazermos interação”, explica Alexandre Basttisti.

Alunos vendados tocando tuba

Oficinas ministradas:

  • Oficina 1 - "Sensibilização e capacitação dos profissionais do projeto"
  • Oficina 2 - "Como contar histórias, fazer teatro, dança e palestras para pessoas com autismo, pessoas com deficiência visual, surdos e pessoas com deficiência física"
  • Oficina 3 - "Desenvolvimento de Tecnologias Assistivas e Criação de Material Didático Acessível"
  • Oficina 4 - "Acessibilidade atitudinal, comunicacional e física"
  • Oficina 5 - Acessibilidade para Equipes de produção: Som, Luz e Imagem para atender ao público surdo, com deficiência visual e/ou com autismo"
  • Oficina 6 - "Ações de Acessibilidade em Espaços Virtuais"
  • Oficina 7 - "Intercâmbio de Experiências e Consultoria/Mentoria"

A última oficina - Teatro com Vivência 100% inclusiva – acontece no dia 11 de outubro no Teatro Municipal Pedro Parenti, de Caxias do Sul, as 15h45, quando o público será convidado a viver a experiência de deficiente.

O público em geral vai assistir a peça teatral A Magia do Livro com vendas nos olhos. Para o público surdo presente haverá intérprete de libras e outros cuidados especiais, como iluminação adequada e equipe treinada, vão contemplar o público autista ou com deficiência intelectual.

Card A magia do livro

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Arte viva nas escolas públicas

Outro projeto em andamento com foco na inclusão é o Arte Viva nas Escolas Públicas, também realizado com recursos da lei complementar n°195/2022 e apoio do Ministério da Cultura e da Secretaria da Cultura do Estado do RS.

Este projeto foi idealizado e está sendo executado pela APAC -Associação dos Produtores de Arte e Cultura de Flores da Cunha - com a participação de 26 profissionais engajados em trazer diversos segmentos artísticos para dentro da sala de aula. Parte deles é deficiente e os demais são educadores.

São 19 oficinas gratuitas sobre: música, pintura, teatro, dança, canto, literatura, desenho e muito mais. As oficinas são nas cidades de Farroupilha, Caxias do Sul, Flores da Cunha e Bento Gonçalves e têm o objetivo de promover a cultura e a educação para a acessibilidade. O projeto iniciou dia 8 de agosto e seguem acontecendo até outubro.

A ideia é proporcionar aos participantes vivenciar o universo da deficiência, como por exemplo pintar com olhos vendados, dançar em cadeira de rodas ou com muletas, dançar num baile com a vibração do som. Situações comuns na realidade de pessoas com deficiência.

Alunos com vendas nos olhos

“Em minha oficina de Dança para Corpos Diversos para alunos de 6º ao 9º ano convoquei os estudantes a saírem da zona do conforto, improvisarem os movimentos de uma parte do corpo e até dançarem com olhos fechados”, conta Roberta Spader que é muletante (usuárias de muletas) e especializou-se em Educação Física Especial Inclusiva.

Diante da condição de deficiência, Roberta observou que os alunos se sentiram limitados e se restringiram até mesmo para manifestar o que eles tinham de bagagem de dança, como balé, funk e outros. No final eles se soltaram e a oficina acabou com a montagem espontânea de uma coreografia.

“É este sentimento de limitação que precisamos também romper na sociedade. Estamos em construção. Já melhorou muito, mas ainda não está ideal. Precisamos incluir o imigrantes que falem outras línguas, os obesos, as mães com filhos pequenos... As escolas precisam estar preparadas para receber todos. A inclusão tem que ser para todos. Senão, se torna segregação”, finaliza.

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