Longa gaúcho conquista “Melhor Direção” em festival na Itália
Até que a Música Pare leva para as telas internacionais as paisagens da Serra Gaúcha e a cultura italiana local. Em setembro chegará aos circuitos de cinema no Brasil
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"Até que a música pare", o mais novo filme da cineasta gaúcha Cristiane Oliveira, teve sua estreia nacional na mostra competitiva da Première Brasil do 25° Festival do Rio, em outubro de 2023, e na sequência foi também foi selecionado para a 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Em 2024 o filme iniciou sua projeção internacional no 39º Santa Barbara International Film Festival, realizado entre os dias 7 e 15 de fevereiro nos Estados Unidos.
Em março participou do 42º Bergamo Film Meeting – International Film Festival, realizado na Itália, onde conquistou o prêmio de Melhor Direção para a cineasta Cristiane Oliveira. Este é o terceiro longa da diretora, que tem no currículo “Mulher do Pai” (prêmios de Direção, Fotografia e Atriz Coadjuvante no Festival do Rio) e “A primeira morte de Joana” (prêmio do Júri da Crítica em Gramado).
"Até que a Música Pare" é uma coprodução Brasil e Itália, realizada pela empresa gaúcha Okna Produções e pela Solaria Film. Em setembro chegará aos circuitos de cinema no Brasil
Serra na telona
O filme leva para a tela as paisagens da Serra Gaúcha e incorpora ao roteiro a cultura italiana local. "Até que a música pare" foi filmado nas cidades de Antônio Prado, Nova Bassano, Nova Roma do Sul e Veranópolis.
Ao centro da trama está o casal Alfredo e Chiara, interpretados por Cibele Tedesco e Hugo Lorensatti, do renomado grupo teatral Miseri Coloni, de Caxias do Sul (RS). Depois que o último filho sai de casa, Chiara decide acompanhar o marido nas viagens dele como vendedor pelos botecos da serra. Uma tartaruga e baralhos de carta colocarão à prova mais de 50 anos de vida a dois.
Grande parte do filme é falado em Talian, língua brasileira surgida da mistura do Português com as línguas dos imigrantes que vieram do Norte da Itália para o Brasil no século dezenove e que acabou reconhecida como Patrimônio Imaterial do Brasil em 2014.
O longa aborda temas caros ao cinema da diretora Cristiane Oliveira, como relações familiares e luto, mas apresentados em outra perspectiva.
“A escalada recente dos discursos de ódio rachou muitas famílias no Brasil. Esse filme surge um pouco dessa dor e ao longo da construção do longa a gente se perguntava muito sobre quais são as palavras que fazem com que você desista de alguém que você ama. Qual é o limite da sua tolerância?”, explica a diretora.
Ela também conta que foi fundamental a participação do elenco na construção do filme. “Conflitos familiares contemporâneos que o filme aborda se radicalizaram ao nosso redor enquanto fazíamos o filme, o que tornou toda ficção mais palpável. Aprendi muito com os atores. Hugo, por exemplo, atua em teatro desde os anos 1980 num grupo foi fundamental para despertar a consciência da população local sobre a ditadura.”
Além de Cibele Tedesco e Hugo Lorensatti, o elenco do longa inclui Elisa Volpatto (da série “Bom Dia, Verônica”), o ator italiano Nicolas Vaporidis (“Todo o Dinheiro do Mundo”, de Ridley Scott) e reconhecidos talentos locais. Na equipe italiana, capitaneada pelo produtor Emanuele Nespeca (“Il Futuro”), da Solaria Films, há ainda a dupla responsável pela pós-produção de som, Gianfranco Tortora (“Uma Questão Pessoal”) e Massimo Filippini (“O Mistério de Silver Lake”), bem como a compositora Ginevra Nervi (“Non Odiare”).
Até Que A Música Pare conta com recursos públicos geridos pela Agência Nacional do Cinema – ANCINE e com investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA administrados pelo BRDE. Recebeu ainda o apoio do Fundo De Volta Aos Sets gerido pelo Show Me The Fund.