Programa social surpreende pelos resultados
Argentina Claudia Boatti ensina sobre evitar a origem das guerras
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Sentir-se mais e melhor do que o outro é o princípio de toda guerra.
Então, como fazer para sentir-se igual?
A resposta para esta pergunta fundamental a todas as pessoas que cultivam a empatia vem sendo perseguida e praticada pela argentina Claudia Boatti, criadora dos “Movimentos Essenciais”, cujos aprendizados têm surpreendido por instigar as pessoas a buscarem uma reconciliação profunda nos planos pessoal e social.
Sob a orientação de Claudia Boatti, As práticas dos Movimentos Essenciais têm sido adaptadas para a capacitação de agentes de sociais em universidades, escolas, hospitais, centros de reabilitação, favelas e presídios na Argentina, Brasil e otros países.
Filha de diplomatas, Claudia Boatti conviveu com pessoas de diferentes culturas em vários países. Mais do que conviver com as diferenças, manteve-se sempre atenta à diversidade dos olhares sobre estas diferenças. “Dependendo de quem olhar e da forma de olhar, é comum a pessoa se colocar num lugar superior ou inferior em relação ao outro, na maioria das vezes quase de forma inconsciente”, observa Claudia.
Então, como fazer para sentir-se igual?
Como genuinamente nos percebermos como iguais de forma que o outro também possa nos perceber como igual a ele, sem que isto tudo não seja apenas um conceito mental?
Treinamento
Treinar o olhar e a atitude interna é uma das respostas.
A capacitação dos Movimentos Essenciais ensina que necessitamos integrar sem excluir, diferenciar sem separar.
E transformar nosso olhar diante daquilo que rejeitamos, escondemos ou marginalizamos, a fim de que possamos conquistar relações mais harmônicas, potentes e colaborativas, conosco mesmos, com os outros e com o coletivo.
O processo de aprendizagem permite reconhecer como afetamos e somos afetados pela trama social. E mais, de que forma muitas vezes, inconscientemente, acabamos criando o oposto do que desejamos para nós e para nosso entorno.
Foco na tarefa
Os Movimentos Essenciais se traduzem como uma nova forma de estar e atuar com a vida, mas diferem das terapia e dos caminhos espirituais nos quais normalmente a pessoa busca mudar algo que não está bem em si para sentir-se melhor, ser mais feliz e/ou mais espiritualizada. Nos Movimentos Essenciais, o foco é “a tarefa que Eu vou fazer junto com os Outros”. Eu tenho que me trabalhar e me melhorar, mas para melhor realizar o que minha alma se comprometeu a fazer junto com esses Outros.
Os desafios que estes tempos atuais nos exigem é perceber que o crescimento pessoal, espiritual e coletivo acontece através da reconciliação. Ja não é como antes através da fricção, do confronto, da separação e/ou da oposição. Estamos vivendo outros tempos.
“Eu me completo ao me reconciliar comigo e com os outros dentro de mim . No momento em que me reconcilio em Mim e com os Outros, a minha frequência vai mudar e então tudo muda”, explica Claudia Boatti, e justifica: “o nosso olhar não é neutro. Somos educados para achar que vivemos do lado certo da sociedade, que os nossos valores são os certos. Mas somos nós - os que se consideram do lado bom da sociedade, com os valores certos e a moral correta - os responsáveis por criar o oposto do que desejamos como destino para as futuras gerações”. Isto se dá, segundo ela, porque não somos conscientes do efeito que a rejeição e a exclusão produzem na consciência grupal. Efeito este que acaba criando a repetição de situações, como uma nova tentativa/oportunidade para alcançar a reconciliação.
Reconciliação
Uma das bases do Movimento Essencial é a de que “a vida é uma energia benigna que sempre nos trás o que há de melhor para o nosso crescimento”. Mas como interromper este fluxo de repetições daquilo que não mais desejamos?
Se “treinar o olhar” é uma das respostas, a outra está em “mudar a atitude interna”.
“O agir pode ser o mesmo, mas dependendo de tua atitude interna podes estar alimentando um campo de consciência ou outro e, assim, terás resultados diferentes”, explica Claudia Boatti.
“Movimentos Essenciais são vivências de reconciliação, movimentos de reconciliação na alma e não compreensões mentais. O objetivo é perceber que a mudança social e a mudança espiritual vêm através da reconciliação. Cada vez que Nós excluímos alguém de nosso coração, estamos criando a exata repetição daquilo que excluímos, como um destino para as próximas gerações. Não estamos acordando para podermos parar com estas repetições. Se o fractal do excluído foi criado, as pessoas não serão tão livres para agirem de outra forma. Mas temos a oportunidade de criar uma reconciliação ou de criar um novo fractal que acabará trazendo a repetição de situações, seja no campo pessoal ou no campo social”, completa.