Habitação colaborativa é tendência
Viver em comunidade pode ser uma boa alternativa para os idosos

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Criado na Dinamarca, na década de 1970, o cohousing privilegiava a socialização e a economia colaborativa entre pessoas das mais variadas idades, ou mesmo entre grupos de faixas etárias mais específicas, como os de terceira idade.
A iniciativa ganhou adeptos no Reino Unido, Holanda, Suécia, Canadá e outros países. Nos Estados Unidos estima-se que mais de 120 comunidades foram construídas desde 1991 e outras 100 estão em fase de planejamento ou construção.
Na Inglaterra, um grupo de mulheres com idade entre 50 e 87 anos se reuniu para criar uma comunidade de moradias exclusivamente para a terceira idade, em dezembro de 2016. A Older Women’s Cohousing é composta por 25 apartamentos individuais com espaços comunitários para atividades em grupos, como jantares, sessões de filme, práticas físicas. No local, o lema é permanecer em atividade e ser independente. Todas as decisões são tomadas em consenso nas reuniões da comunidade.
Co-lares
No Brasil o conceito chegou em 2013 através da Arquiteta e Urbanista Lilian Avívia Lubochinski que se apresenta como tecelã de comunidades intencionais e mantém cursos para motivar e ajudar a criação de cohousings, termo que ela traduziu para co-lares.
Os co-lares para a terceira idade não devem ser confundidos com um novo tipo de condomínio. Ao mesmo tempo em que preserva a privacidade e individualidade em habitações exclusivas, o co-lar mantém espaços coletivos como lavanderia, quarto de hóspedes e biblioteca, que podem ser compartilhados entre os moradores.
Além de resultar em custos de construção menores, esse tipo de solução habitacional ajuda no convívio entre as pessoas que fazem parte da comunidade e diminui a sensação de solidão. A proposta é viver a velhice neste tipo de estrutura com mais tempo e mais qualidade afetiva de vida. Empreendimento desse tipo está sendo organizado pela arquiteta no interior de São Paulo.
“Gosto muito de nomear este movimento de neo-tribal. Temos que prestar atenção no modo de vida dos povos originários, pois essa é uma forma que pode propiciar aos seres humanos viver de uma forma amorosa em Gaia “, diz Lilian Lubochinski.
Inteligência coletiva
Segundo a arquiteta, no co-lares as pessoas experimentam o surgimento da inteligência coletiva, aquela que transborda além do ego. Assim, considera que o projeto arquitetônico é o mais fácil de ser resolvido. A parte mais difícil, “mas que vale a pena”, é criar o campo de ressonância entre os participantes.
“Nosso caminho nos pede um aprendizado transformador. Precisamos nos abrir pra deixar para trás aquilo que nos é familiar, mas que já não nos serve mais, porque não nos traz alegria. Criar vínculos de confiança, de solidariedade e de trabalho coletivo é o grande desafio desse caminho. E isso não se compra com dinheiro. É como aprender a andar de bicicleta. Não é teórico; é uma coisa que acontece no seu corpo. A gente precisa praticar para o nosso corpo aprender que a transformação não é uma ameaça. Que o desconhecido também é seguro”, explica Lilian. E define: “precisamos ampliar nossa consciência de SER e ESTAR na vida, percebendo que viver o melhor da vida reside em obter estratégias em que todos ganhem”.
Conheça conceitos básicos de cohousing
Por se tratar de uma comunidade intencional, o conceito de cohousing é muito mais do que “morar em casas próximas”. Mais do que promover a cultura da partilha, o objetivo é atingir a cultura da colaboração e do cuidado com a vida, incluindo pessoas, animais e meio ambiente.
As comunidades de cohousing propõem:
• Um equilíbrio entre privacidade e comunidade.
• Um ambiente seguro e de apoio para crianças, adultos e idosos.
• Um estilo de vida baseado na simplicidade, na escuta mútua e no cuidado entre os moradores.
• Design arquitetônico harmônico, sustentável, enfatizando o contato entre os moradores e o espaço coletivo.
Saiba mais no vídeo: Colares Brasil - Perguntas e Respostas