Felicidade na prática
Não existe caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho
4 min de leitura
A psicologia, assim como outras terapias que tentam ajudar as pessoas em suas buscas pela felicidade, sempre tratou de identificar os aspectos negativos para curar as doenças da mente.
Mas o que Abraham Maslow e Carl Rogers iniciaram na década de 1950, dentro do que foi chamada de “Psicologia Humanista”, foi o primeiro passo de um movimento que enxerga o ser humano sob um viés diferente, levando em conta os aspectos positivos da sua mente e comportamentos.
Mais recentemente, Martin Seligman mostrou que essa positividade poderia ser desenvolvida, levando todos os demais aspectos da vida junto com ela, abrindo novos caminhos para o ser humano encontrar seu bem-estar e felicidade autêntica.
Vale destacar que a Psicologia Positiva jamais ignorou as doenças ou negou a existência de desordens psicológicas. Para tanto, Seligman sugeria quatro pilares para ampliar a visão e obter a tão almejada positividade no dia a dia: satisfação, propósito, engajamento e relacionamentos.
Na prática, isso significa buscar nas experiências pessoais os aspectos positivos que lhes ajudem a ter maior qualidade de vida e entender melhor suas emoções, relacionando-se mais positivamente com as pessoas ao redor e observar suas histórias, suas forças e qualidades sob uma perspectiva mais otimista.
Batalha entre o bem e o mal
No livro Olhos Abertos para a Realidade – Reflexões do Aqui e do Porvir, o monge da tradição Vaishnava, Purushatraya Swami, reflete justamente sobre essa batalha interna entre o bem e o mal, revelando que ainda existem outros obstáculos a serem superados antes de encontrarmos essa tal felicidade.
Integrante da Ecovila de Goura Vrindávana, em Paraty (RJ), Purushatraya debruça-se sobre os Vedas, as escrituras sagradas da Índia, para questionar: “Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas? Onde está Deus no momento da calamidade? Essas são algumas dúvidas que têm produzido multidões de ateus. Sem uma compreensão clara da natureza real do plano de existência em que vivemos e do papel de Deus neste mundo, fatalmente cairemos vítimas de dúvidas insondáveis”. Segundo ele, vivemos em uma dimensão onde a dualidade prevalece e que, de certa forma, até confunde as pessoas sobre o que é felicidade de fato.
Enquanto estivermos dominados pela consciência de ego, teremos que suportar, vida após vida, essas flutuações entre o bem e o mal, prazer e dor, a ignorância e o conhecimento, a luz e a escuridão. Mas a questão final é que Deus é absoluto. Nossa chance de nos livrarmos das dualidades deste mundo é estar em sintonia com o Absoluto”, ensina o líder espiritual Hare Krishna, que logo emenda: “As inconveniências que experimentamos aqui sugerem que não devemos nos acomodar, mas sempre tratar de avançar para níveis de consciência superiores até lograr o destino supremo, onde tudo é absoluto e perfeito.
Dentre os itens das coisas boas da vida, acrescenta Purusthatraya Swami, estão a felicidade, a paz interior, a saúde, as amizades etc.
“A felicidade, especialmente, é um dos bens mais cobiçados. Ser feliz é, na verdade, condição intrínseca da alma. Todos querem o prazer e a felicidade e estão procurando-os sofregamente em todas as direções”. Ele lembra de Epicuro, filósofo grego que afirmou que felicidade e prazer começam na ausência de dor no corpo e ausência de aflição na mente. Outros dirão que felicidade é aquele sentimento de euforia, a excitação, descontração. Fato é que poucas pessoas se contentam com a sua cota natural de felicidade. “A maioria tenta ser mais feliz do que realmente merece. Para conseguir um grau de felicidade sempre crescente, recorre-se a qualquer artifício, lícito ou ilícito”, aponta o monge.
Se você quer ser feliz, ajude os outros
A partir dos ensinamentos milenares contidos na história da Índia, que inclui a famosa frase de Mahatma Gandhi de que “não existe caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho”, tentamos compreender qual é o papel de cada um nessa jornada evolutiva.
Todos os estudos sobre felicidade concluem que, se você quer ser feliz, ajude os outros. E que também é importante ter relacionamentos relevantes que o ajudem a construir confiança e encontrar soluções em grupo.
No momento em que você pode atender às suas necessidades e satisfazer seus interesses, não importa se você tem um ou dois milhões que o aumento da felicidade não será muito grande.
Por isso, os grandes pensadores sempre destacam: concentre-se em ser, e não em ter ou fazer. Busque mais trabalho em nível pessoal. Buscar ferramentas para sair dos padrões de repetição, como meditação, yoga, esportes, leitura, reflexão, movimento, uso adequado da tecnologia, pode ajudar a sair de um nível micro de atuação para promover mudanças significativas nos seus níveis de felicidade.
Mas, lembre-se: não há pressa. Tudo deve ser orgânico. O mais importante é que as ideias venham de quem realmente sabe pensar, pessoas que cresceram, especialmente na última parte de suas vidas, que estão dispostas a refletir e ajudar. Junte a isso um convívio frequente com as crianças, que já carregam esse novo pensamento dentro delas.
Certamente sua vida será preenchida com felicidade e ainda mais realizações.
Com Felipe Marcel, jornalista.
- Leia também: