4 boas dicas para evitar o vício na internet
Está mais do que na hora de questionar as formas de uso da internet
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“A tecnologia entrou na vida das pessoas de uma maneira recreativa e de forma ampla. Ainda não está percebida com o perigo e a gravidade que nós profissionais da área de saúde já conseguimos detectar”, afirmou Cristiano Nabuco em entrevista exclusiva para o Nosso Bem Estar.
Pós-doutor em Psiquiatria e coordenador do Grupo de Dependência Tecnológica da Universidade de São Paulo, com vários livros publicados no Brasil e nos Estados Unidos, Cristiano Nabuco é considerado um dos maiores especialistas brasileiros quando o assunto é dependência na internet.
A tecnologia é ótima desde que seja usada de uma maneira razoável. Vamos lembrar que, a internet, em seu início, tinha como propósito ampliar os limites e diversificar as perspectivas individuais ao permitir o acesso a informações diversas, facilitar o contato entre pessoas e otimizar tarefas, entre outros.
A internet fez maravilhas, mas trouxe problemas físicos e sociais e já está mais do que na hora de questionar as formas de uso.
A atitude de alguns dos maiores desenvolvedores de tecnologia do mundo, no Vale do Silício, nos Estados Unidos, dá algumas pistas. Eles evitam o contato dos seus filhos com as telas e procuram matricular as crianças em escolas que prezam por ensinar com ´nada´ de recursos tecnológicos (tech-less schools), a fim de minimizar os efeitos da chamada ´epidemia da distração´.
O exemplo deve vir dos adultos. Desconectar-se do wi-fi por algumas horas e conectar-se presencialmente com as pessoas já pode ser considerada uma atitude saudável para a sua saúde social.
On-line x On-life
Não ficar o tempo todo conectado no “planeta mobile” pode também ser uma forma de colaborar para que as futuras gerações não paguem um alto preço por esse comportamento insensato.
Confira algumas dicas compiladas a partir da conversa com Dr. Cristiano Nabuco.
1 - Dê o exemplo
Jovens sempre copiam os mais velhos. Não adianta dizer que é ruim ficar conectado o tempo todo se você é o primeiro a carregar o celular para mesa, para cama, ou ficar usando-o em meio a conversas. Os pais precisam rever a forma com que utilizam a tecnologia e qual o exemplo que estão dando aos menores.
2 – Crie regras
Ajude os filhos a planejarem o uso das tecnologias como você faria com qualquer outra atividade. Você não vai deixar o seu filho estudando o dia inteiro, ou praticando esporte o dia inteiro, ou comendo chocolate o dia inteiro. Então também não deve ficar conectado o dia inteiro. A ideia é que se permita o acesso com respeito pela individualidade. No caso de menores, é necessário um acesso supervisionado, da mesma forma que monitoramos o filho quando diz que vai dormir na casa de um amigo - a gente pergunta quem é o amigo, onde ele mora, tem irmãos, etc.
3 - Tempo de uso
A partir de uma hora de uso o cérebro já começa a sofrer algum tipo de efeito. Quem trabalha com computador, a cada uma hora, por exemplo, deve levantar e fazer alguma atividade diferente. Isto colabora para mudar a sua operação mental e, desta forma, não estressar seu cérebro.
4 – Uso excessivo
A dica é ficar atento quando o nosso cotidiano começa a sofrer algum tipo de prejuízo pelo uso das mídias digitais. Quando as atividades do quotidiano deixam de ser realizadas – comprar, conversar, assistir filmes -, em função de o indivíduo preferir realizá-los sempre através das mídias digitais. Este é, digamos, “o farol amarelo” que se acende para alertar que o indivíduo já está começando a ficar excessivamente dependente do prazer originado pela vida digital.
Saiba mais
Livro
Psicologia do Cotidiano de Cristiano Nabuco de Abreu, Editora Artmed: Porto Alegre.
Vídeos
- Desconecte-se para se conectar
Texto
Desconectar-se para conectar-se de verdade - por Mariana Assis