Por que cuidar das emoções das crianças?
Análise das contribuições das animações "Divertida Mente" 1 e 2. Um bom conteúdo para os pais, professores e terapeutas conversarem com as crianças sobre suas emoções
3 min de leitura
Frequentemente nos deparamos com cenas de radicalismo, nos horrorizamos com os atos de extremismo e com os discursos de ódio de alguns líderes, bem como com tantas outras atitudes que nos parecem inexplicáveis.
A pergunta que precisamos fazer é: “Qual a origem disto tudo?”. Não precisamos ser da área da saúde para perceber que vivemos numa sociedade adoecida, onde cada vez mais as pessoas, de todas as faixas etárias, enfrentam dificuldades para cuidar das suas emoções.
Segundo a OMS, o Brasil é o país com maior número de pessoas com transtorno de ansiedade generalizada (TAG) no mundo, mas isto é só a ponta do iceberg. Neste texto, quero refletir sobre a importância de conhecermos o funcionamento das emoções e como isto pode ser um processo didático desde a infância.
Sobre as emoções
Se você não tem filhos pequenos ou não curte animações, talvez não esteja acompanhando o frisson que está ocorrendo nas bilheterias dos cinemas e nas redes sociais com o lançamento, no dia 20 de junho de 2024, de “Divertida Mente 2”. Algumas sessões já estão com os ingressos esgotados com duas semanas de antecedência.
O filme Divertida Mente 1, lançado em 2015, conta a história de como funcionam as emoções na cabeça da garotinha Riley, mostrando as emoções primordiais: alegria, tristeza, raiva, medo e nojinho. As cinco emoções estão numa sala de comando e são elas que decidem o comportamento da Riley. O filme mostra as reações das emoções ao que ocorre no lado de fora.
No primeiro filme, Riley vive a idade da inocência e ingenuidade, sendo quase todo o tempo alegre e extrovertida, cercada do carinho dos pais. Com 11 anos ela enfrenta duas mudanças, uma interna e outra externa. Internamente irá enfrentar a entrada da adolescência. Externamente será a mudança de cidade, pois seus pais decidem recomeçar a vida em outra cidade e ela terá que deixar os seus amigos, a escola, o seu time de hockey (os Feras do Gelo) e a sua casa que tanto gostava.
Divertida Mente é muito didático e mostra que, mesmo sendo desafiador, é importante desenvolver a capacidade de se adaptar às novas realidades. A alegria briga com a tristeza e faz de tudo para manter Riley sempre feliz, como a vida nas redes sociais.
A animação deixa claro que não existem sentimentos bons ou ruins, que todos são necessários para o nosso desenvolvimento psíquico e que aceitar experiências negativas faz parte da formação do nosso caráter. Na plateia estão os pais com crianças de todas as idades que absorvem estas mensagens de diferentes formas. Os pequeninos riem das brigas da alegria com a tristeza, ou das situações quando nojinho aparece, que envolvem refeições, principalmente quando há brócolis no prato.
Trata-se de um bom conteúdo para os pais, professores e terapeutas conversarem com as crianças sobre suas emoções.
A Walt Disney divulgou o trailer de Divertida Mente 2, no qual mostra a chegada de cinco novas emoções na cabeça da Riley: ansiedade, inveja, tédio, vergonha e nostalgia. Agora, na adolescência, o grande destaque é para a ansiedade, que chegou cheia de malas e já mostrou que quer assumir o controle da sala de comandos.
Ansiedade anuncia que agora é hora de “uma nova Riley” e prende num depósito de emoções suprimidas a alegria, tristeza, raiva, medo e nojinho. Agora, na adolescência, ela é dominada pela ansiedade, inveja, vergonha e tédio. O que irá acontecer com a Riley adolescente? Bem, aí você terá que assistir o filme.
Produções como Divertida Mente 1 e 2 mostram a complexidade das emoções e principalmente o seu funcionamento na cabeça das crianças e adolescentes. Investir no desenvolvimento de jovens emocionalmente saudáveis deveria ser a prioridade de qualquer sociedade, pois são dos grupos de excluídos, dos rejeitados nas escolas que surgem os movimentos extremistas e deles, que emergem os líderes fascistas.
PS. Não conta para ninguém, mas eu estou louco que chegue o dia 20 de junho!
Publicado originalmente no Sler