O que é, como prevenir e tratar o Burnout

O Brasil é o segundo país do mundo com mais casos de Burnout, só perdendo para o Japão

Rosemari Johan

Rosemari Johan

06/12/2023
O que é, como prevenir e tratar o Burnout AdobeStock/NBE

4 min de leitura

Começo trazendo um conceito importante relacionado ao Burnout: O que é ser humano? É saber quais são meus lados positivos, lados negativos, o que eu tenho como sentido da vida e como transformo isso em propósito de vida.

Quando falamos em conhecimento precisamos saber antes de tudo que, se estamos lendo esse texto, somos humanos, ou seja, da espécie humana e sabemos ler e escrever, a princípio.

Mas somos seres humanos? Qual a diferença? Para ser humano basta nascer, sou da espécie humana. Mas tornar-se um ser humano requer que eu haja como um Ser Humano. É um processo.

Qual é a essência do ser humano? É um animal que agrega valores àquilo que ele faz. Se eu sou um ser humano de verdade eu sou uma pessoa que tem valores, virtudes, ou seja, pratico os meus valores para mim e para os outros e uso a sabedoria para poder saber exatamente a quem eu dedico o meu melhor, a quem não adianta dedicar e o que eu posso fazer para mim. Ser Humano é aquilo que me torno e isso acontece quando sou uma pessoa melhor para mim, para os outros e para a humanidade, planeta.

Qual a relação disso com o Burnout a síndrome do estresse no contexto do trabalho?

Na minha percepção, como psicóloga e terapeuta, entendo que o estresse, que é uma reação natural do organismo que ocorre quando vivenciamos situações de perigo ou ameaça, um mecanismo que nos coloca em estado de alerta ou alarme, provocando alterações físicas e emocionais. É o resultado de nos tratarmos sem alma, sem sentimentos, sem coração, como se fôssemos robôs.

O mundo, as empresas (que são pessoas) no geral, estão tratando seus trabalhadores/colaboradores como se eles não tivessem dimensões diferentes daquela do trabalho.

A tecnologia, o home office e a pandemia do corona vírus são responsáveis pelo aumento dos índices de depressão. De acordo com a OMS (dados divulgados em 02 de março de 2022), a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%.

O Brasil é o segundo país do mundo com mais casos de burnout, só perdendo para o Japão, num levantamento da International Stress Management Association (Isma). O número de casos supera países como Estados Unidos e Alemanha. O Brasil está atrás apenas do Japão, que tem 70% da população atingida pela doença.

A exigência por produtividade, limite de prazo e múltiplas tarefas, acabam sobrecarregando o colaborador. Acrescente-se a falta de políticas públicas para minimizar a desigualdade social e muitas vezes com salários baixos que não dão para sustentar uma família de forma digna. Toda essa projeção de um futuro negativo gera stress e ansiedade.

Corda rompendo - alegoria ao Burnout

Burnout não é estresse. É o que resulta do estresse crônico. Alguns dos sintomas são: dores de cabeça, problemas de estômago, dificuldade para dormir e falta de ar. Cansaço excessivo, físico e mental; alterações no apetite; insônia; dificuldades de concentração; sentimentos de fracasso e insegurança; negatividade constante; sentimentos de derrota e desesperança.

Como prevenir e tratar?

A partir de minha prática de mais de 20 anos em consultório, trago algumas sugestões fundamentais:

  • Psicoterapia: ajuda você a entender as motivações do seu sofrimento e das suas reações ao seu meio. Melhorar seu posicionamento nas suas diferentes relações. Momentos de relaxamento, de meditação são muito importantes, assim como aprender a respirar corretamente.
  • Alimentação saudável: durante o processo de estresse, o organismo perde muitas vitaminas e nutrientes, portanto, para repor essa perda é recomendado comer de forma equilibrada, com muitas verduras e frutas.
  • Atividade Física: proporciona benefícios ao organismo, melhorando as funções cardiovasculares e respiratórias, queimando calorias, ajudando no condicionamento físico e induzindo à produção de substâncias naturalmente relaxantes e analgésicas, como a endorfina.

Saiba mais sobre o Burnout

A Síndrome de Burnout é resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. É o resultado de uma exaustão física e mental, podendo levar a adoecimentos físicos, sociais, emocionais e prejuízos nos relacionamentos da vida pessoal e profissional.

Neste processo, vamos encontrar fatores que são do trabalhador e fatores que são próprios do contexto que, quando somados, formam o contexto favorável para a síndrome.

Na Classificação Internacional de Doenças – CID-11, a Síndrome de Burnout foi incluída no capítulo de problemas associados ao emprego ou ao desemprego. É caracterizada por três dimensões: sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia; aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho; redução da eficácia profissional.

Veja se você se identifica nas afirmações a seguir?

  • Acúmulo de funções complicadas para um único cargo
  • Necessidade de fazer horas extras ou levar trabalho para casa para dar conta
  • Excesso de cobrança, críticas e julgamentos por parte de você consigo mesmo, por parte de seus empregadores, superiores hierarquicamente
  • Conflitos, desentendimentos e agressões que tumultuam e deixam o clima pesado
  • Empregador ou superior hierárquico ficar mandando mensagens à noite com exigência e cobranças de trabalho

Você se identifica? Busque ajuda antes que entre em colapso!

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Rosemari Johan

Rosemari Johan

Rosemari Johan é terapeuta especialista em terapia sistêmica familiar, de casal e individual, e realizadora de Rituais de Casamento Sistêmico. Terapeuta CRT 24.804

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