Legados da pandemia
E a pandemia, quem diria?, está completando duas primaveras
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A humanidade se desloca trôpega, porém célere, rumo ao segundo ano desta experiência ainda longe de ser absolutamente compreendida, quiçá explicada e/ou assimilada.
Talvez outras tantas primaveras mais sejam necessárias até que esse turbilhão esteja neutralizado e nosso cotidiano possa ser retomado com um cadinho de “normalidade”.
Cá dentro de cada um, contudo, a transformação não só é possível, mas é fundamental.
É contraproducente esperar sentadinho que a Covid se vá num passe mágico, devolvendo-nos as vidas que imaginávamos perfeitas.
Lá atrás, quando a pandemia exibiu sua face, um termo foi repetido à exaustão: “legado”.
O termo circulava em todas as rodas, como se em outro passe mágico fôssemos capazes de fabricar verdades que mitigariam tudo o que estávamos sendo forçados a provar.
Nesta segunda primavera da pandemia, o termo “legado” anda desbotado, surrado que foi pelas urgências dos que exigiam para ontem aprendizados elevados, lições transcendentes, aprimoramentos sobre-humanos.
Caímos na real.
Aprendemos que legados não se constroem a fórceps e sim com calma, observação, reflexão, escutas, sem a velocidade que tentaram impor.
Assim, muitos de nós (felizmente!) chegamos à segunda primavera da pandemia vivos e em plena construção de uma existência mais consistente. Cada um no seu ritmo, respeitando diferenças, operamos sutis transformações internas que, somadas, um dia poderão ser chamadas de legado – espera-se.
A estação da Primavera, com seus peculiares significados ambientais e simbólicos, tem a cara desse ser humano que se autoconstrói.
Renovação, florescimento, revitalização e germinação agora são ações incorporadas por muita gente que se exercita em ser mais plena.
E esse legado pessoal é imune a qualquer vírus, porque está sendo fortalecido com valores que jamais serão abalados.