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Sarau comemora 80 anos da Academia Literária Feminina

Evento homenageia mulheres pioneiras na escrita no Brasil e no RS

Porto Alegre/RS
30 de outubro de 2023
Sarau comemora 80 anos da Academia Literária Feminina

*Sentadas: Aura Pereira Lemos, Lydia Moschetti e Aracy Fróes. De pé: Stella Scheunemann Brum, Aurora Nunes Wagner, Alzira Freitas Tacques e Beatriz Regina.

O Sarau comemorativo aos 80 anos da Academia Literária Feminina do RS acontece no dia 30 de outubro, às 18 horas, Auditório do Memorial do Rio Grande do Sul, Praça da Alfândega, e integra a programação da Feira do Livro de Porto Alegre.

O evento visa a divulgar o Memorial Feminino da instituição e homenagear as mulheres pioneiras da escrita no Brasil e no estado. Para tal, forma pesquisados os nomes das 40 Patronas, assim chamadas, segundo o modelo francês das academias na época. Este ano, ao final do sarau será homenageada a poeta Lara de Lemos.

Para além do talento literário, as integrantes da ALF são destaque por seu ativismo social, desde as monarquistas às republicanas, abolicionistas, sufragistas, feministas e aquelas que se destacaram como jornalistas e editoras, educadoras e ecologistas. (veja no final)

Sobre a Academia

A Academia Literária Feminina do RS foi fundada pela empreendedora social Lydia Moschetti, em 1943, e dez anos depois foi declarada de Utilidade Pública por Lei Municipal.

Em 2007, para preservar os testemunhos materiais e imateriais da entidade, foi criado o Memorial Feminino, por emenda parlamentar do Pronac e, no mesmo ano, a Academia foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Sul.

O Memorial Feminino representa, simbolicamente, um segmento da história da literatura produzida por mulheres brasileiras, com ênfase no Rio Grande do Sul, e como tal, engloba biblioteca e arquivo. Em 2017, a Academia foi homenageada com o livro Casa de Noemy Valle Rocha – História e Memória da ALF.

SARAU DA ALFRS - 80 anos

Quando: Dia 30 de outubro de 2023, às 18 horas

Onde: Feira do Livro de Porto Alegre, Auditório do Memorial do Rio Grande do Sul, Praça da Alfândega, Porto Alegre.

Com a coordenação da acadêmica Cristina Macedo e participação da Presidente da ALF, Marilice Costi, e das acadêmicas Teniza Spinelli, Zaira Cantarelli e Bernardete Saidelles.

Presença Literária

Conheça algumas das integrantes da Academia Literária Feminina:

DELFINA BENIGNA DA CUNHA, cognominada “ A cega”, de São José do Norte; Monarquista, escreveu poemas ao imperador e opôs-se aos revolucionários farroupilhas. Cadeira 1. Foi a primeira poeta a editar no RS e das primeiras no Brasil.

REVOCATA HELOÍSA DE MELLO, em Rio Grande, abolicionista, republicana, ativista e Membro do Parthenon Literário. Cadeira 12. Com a irmã, JULIETA DE MELLO MONTEIRO, Cadeira 2, editou o jornal “Violeta” e “O CORYMBO”, que durou quase 70 anos.

NÍSIA FLORESTA BRASILEIRA AUGUSTA, do Rio Grande do Norte, republicana, abolicionista, ativista pela educação das mulheres, sufragista, criou uma escola para meninas, e traduziu “Direitos das mulheres e injustiças dos homens” e pronunciou-se a favor das causas indígenas e da liberdade religiosa. Faleceu em Rouen, França, 1837. Cadeira 17.

AMÁLIA DOS PASSOS FIGUEIROA, feminista, fez parte do Parthenon Literário, onde escreveu na revista da entidade e para “Progresso literário de Pelotas” e “A Reforma”. Cadeira 6.

ANDRADINA DE OLIVEIRA, ativista, feminista, viveu da literatura, publicou mais de 30 livros, entre eles “O Divórcio”, fundou o jornal “O ESCRÍNIO”, Cadeira 11, atuando ao lado da filha, a poeta LOLA DE OLIVEIRA. Cadeira 22.

CAROLINA von KOSERITZ, escreveu para o jornal de seu pai o “DEUTSCHE RIO ZEITUNG”, com o pseudônimo de Walkirie, e com Alva Lúcia no jornal do Comércio de 1883. Tradutora de Goethe, Byron, Dickens, Longfellow, Turgueneff, entre outros. Cadeira 15

ANA CÉSAR, de Camaquã, feminista, lutou pelo voto feminino e pela educação de mulheres operárias. Cadeira 31

IVETA RIBEIRO, do Rio de Janeiro, radialista e escritora, artista. Transitou entre Porto Alegre, Rio de Janeiro e Lisboa, onde organizou a Primeira estante feminina portuguesa. Cadeira 34

YDE ADELAIDE SCHLOENBACH, a Colombina, poetisa do amor e do erotismo. Feminista, ativista, criou o Centro Cultural Lampião de Gás, em São Paulo. Cadeira 37.

LEONOR CASTELLANO, feministas, ativista, criou o Centro de Letras do Paraná e a Revista “FANAL”. Cadeira 39.

RAQUEL PRADO, filha do fundador do jornal “A REPÚBLICA”, onde colaborou escrevendo também para o Correio da Manhã, Rio de Janeiro e outros jornais nacionais e estrangeiros. Fundou o 1º curso de jornalismo privado e foi a 1º mulher editora no Brasil. Fundou a Editora “ROVARO”, em 1931. Publicou na revista O TICO-TICO. Cadeira 38 PRISCILIANA DE ALMEIDA, de MG, fundou a revista literária “A Mensageira”, e foi fundadora da Academia Paulista de Letras.

EUNICE UTINGUASSÚ, que foi Cônsul em Montevideo e fez conferências sobre vários temas polêmicos da época. Cadeira 20.

FRANCISCA PRAGUER FRÓES, médica e uma voz atuante pelos direitos femininos e seu papel social.

E a cronista MARIA EDUARDA ALENCASTRO MASSOT, de São Sepé, Cadeira 24, também publicando na imprensa.

Além das jornalistas e comunicadoras, AS EDUCADORAS se destacam, especialmente:

LUCIANA de Abreu, de Porto Alegre, membro do Parthenon Literário. Conferencista, lutou pela emancipação da mulher pela educação. Cadeira 5

E no interior do estado do RGS:

ANA CÂNDIDA ALVIM, de Uruguaiana. Cadeira 9.

CÂNDIDA DE OLIVEIRA BRANDÃO, de Cachoeira do Sul. Cadeira 13.

ANTONIETA LISBOA LINS, de Rio Pardo. Cadeira 14.

ANA AURORA DO AMARAL LISBOA também em Rio Pardo, precursora do ensino supletivo para adultos. Cadeira 40.

Em Porto Alegre, MARINHA NORONHA, também professora, abordou a questão do pecúlio para sobrevivência das viúvas. Cadeira 14. Todas essas publicando em jornais da época.

Na prosa, ponteiam LÚCIA MIGUEL PEREIRA, de Minas Gerais, romancista e crítica brasileira de reconhecida erudição, biógrafa de Machado de Assis. Cadeira 27.

MARIA EUGENIA CELSO, de MG, Cadeira 30, cotada para a Ac. Bras. de Letras. Aliás, JÚLIA LOPES DE ALMEIDA, uma das mentoras da ABL, foi excluída para que o marido poeta tivesse prioridade. Cadeira 8

Destaque também para ANA EURÍDICE de Barandas, de Porto Alegre, que criticou duramente a guerra farroupilha e escreveu sobre a resistência em Porto Alegre. Cadeira 33. Uma das primeiras romancistas brasileiras.

Entre as vozes de primeira grandeza na poesia temos as premiadíssimas LILA RIPOLL, de Quaraí, Cadeira 26, militante comunista e poeta de rara sensibilidade.

CECÍLIA MEIRELES, do Rio de Janeiro, Cadeira 28,com mais de 50 livros publicados e traduzidos para vários idiomas.

São elas vozes consagradas e canonizadas pela crítica literária.

Curiosas foram as vidas de FRANCISCA JÚLIA MÜNSTER, Cadeira 35, cujos sonetos parnasianos não foram creditados a ela, por ser mulher, no entanto admirada pela crítica, e AMÁLIA CAGNOTO, tragicamente falecida, que externou o seu desejo de “Repousar sem despertar jamais”. Cadeira 36.

Para finalizar, não poderíamos esquecer os nomes das poetas líricas, que integram o ideário do romantismo brasileiro, e que ainda jovem faleceram de tuberculose ou de doença repentina: AMÁLIA DOS PASSOS FIGUEIROA (33 ANOS); CARMEN CINIRA (31 ANOS); CELINA MARTINS (37 ANOS); IOLANDA RIZZO (20 ANOS); VIVITA CARTIER (26 ANOS); ESTHER SQUEFF (24 ANOS); COLLETA DA SILVA MILLER (32 ANOS); RITA BARÉM DE MELO (28 ANOS); IRENE RUPERTI (38 Anos) ADA MACCAGI LOBO (41 ANOS).

Vidas que foram ceifadas antes dos 40, 41 anos, impedindo-as de atingirem a maturidade artística, ainda assim produzindo obras plenas de conteúdo poético.

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