Sandra Anselmi expõe tricô gigante em mostra de arte
A diretora de criação da Malharia Anselmi surpreendeu com a tapeçaria em tricô com cerca de 380 metros lineares, 100% natural
A exposição da designer farroupilhense Sandra Anselmi ocorre entre os dias 3 e 7 de abril, no Pavilhão da Bienal, no Espaço Etel Design, durante o Circuito SP-Arte, que completa 20 anos.
A convite de Lissa Carmona, CEO e curadora responsável pela Etel, Sandra preparou uma tapeçaria em tricô com cerca de 380 metros lineares, elaborada com matéria-prima 100% natural, que ocupa uma parede inteira, já na entrada da Mostra.
Sobre a mostra
Nesta edição há um destaque importante para o design, que traz novos artistas e técnicas. A curadora firmou parceria também com a espanhola radicada em Milão Patricia Urquiola. Nesta mostra, participam 60 galerias de arte e design com ateliês abertos, visitas guiadas e encontros com artistas.
Para a paleta de cores, a artista farroupilhense pesquisa a policromia na própria natureza. Utiliza-se dos tons naturais da lã de ovelha e do algodoeiro, mas em casos excepcionais, como na obra “Não deixe lacunas vazias em sua vida”, 20% dos fios apresentam cor natural, o restante recebeu tingimento de corantes.
Sobre Sandra
Sandra faz parte da constelação de artistas contemporâneos, a maior parte deles, mulheres, empenhados em revolucionar a nobreza ancestral das artes têxteis. Suas esculturas orgânicas se desenvolvem a partir de um jogo lúdico com dimensões e possibilidades infinitas tramado por fios de lã e algodão tricotados com as mãos – sem agulhas – devido à espessura dos fios, resultando em obras volumosas de surpreendente efeito estético.
Sua intimidade com o universo do tricô vem de berço. O fato de a lã e o algodão serem recursos naturais, renováveis e biodegradáveis estimula seu sentido de respeito a essas matérias-primas que tecem histórias desde tempos imemoriais nos reinos da Mesopotâmia (lã) e no Egito Antigo (algodão). Em seus trabalhos, a matéria-prima é enaltecida por estar tramada ao conceito de sustentabilidade. Ela utiliza apenas resíduos de fios que, de outra forma, seriam descartados pela malharia, ganhando, assim, um ressignificado por meio da arte.
Contemplando sua consciência social, a artista poia ovinocultores dos Pampas gaúchos, moradores em fazendas centenárias envolvidas, desde sempre, na produção desse fio milenar. Desta forma contribui com a economia local, com a preservação de tradições culturais. O algodão brasileiro, o outro material que emprega, a artista o faz por motivos semelhantes.