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Bailei na Curva volta a Caxias em sessão comentada

Comédia dramática que retrata o tempo da ditadura militar pelo olhar de um grupo de amigos é um clássico do teatro gaúcho em cartaz há 41 anos

Caxias do Sul/RS
7 de setembro de 2024
Bailei na Curva volta a Caxias em sessão comentada

Dirigida pelo caxiense Julio Conte, a peça Bailei na Curva, um dos maiores sucessos e a mais longeva do teatro gaúcho completa 41 anos em cartaz, em 2024. Para enaltecer a data, a atração retorna aos palcos de Caxias do Sul no dia 7 de setembro, sábado, às 19h, no UCS Teatro.

Bailei na Curva foi premiado no Açorianos de 1983 e levou multidões a teatros do Rio Grande do Sul e do Brasil nos anos seguintes. A temática do espetáculo aborda a ditadura militar brasileira e o roteiro, construído a muitas mãos, acompanha o crescimento de sete adolescentes durante os anos de chumbo, mesclando as fases históricas do período com as fases vividas por elas em suas vidas pessoais.

A peça foi encenada pela primeira vez em 1983, no antigo Teatro do Ipê, em Porto Alegre, e foi responsável por tornar conhecidos os versos da canção “Horizontes”, composta por Flávio Bicca Rocha justamente para o espetáculo, tornando-se uma espécie de hino alternativo da capital do Rio Grande do Sul.

“Voltar para Caxias sempre me faz bem. Morei até os oito anos em Forqueta, depois nos mudamos para Porto Alegre. Como Forqueta ainda não era um bairro, mas uma vila longe da cidade, Caxias sempre representou uma fonte de curiosidade e receio, uma aventura que incluía cinemas com filmes grandiosos, lojas cheias de novidades e restaurantes de comida farta. Eu frequentava a casa dos tios e primos, era um espetáculo. Caxias sempre será uma vertigem das descobertas e uma aventura emocional”, comenta o diretor, Julio Conte.

Pessoas sentadas em cadeiras em cima do palco

Foto: Jéssica Barbosa

Arte comentada

O espetáculo é uma realização do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre/Serra (CEPdePA/Serra), presidido por Lores Pedro Meller, por meio da comissão elencada pela diretora Denise Casara e pelos psicanalistas Flávia Bernardi, Ivandra Vacari da Silva Loro, Julio César Kunz, Nicole Padilha Venturin, Paula Chiapinotto Triches e Sandro Stank da Silva, que pretendem, com a ação, estreitar os laços entre a psicanálise e a cultura, por meio da arte.

O diretor Júlio Conte, que também é psicanalista, subirá ao palco para um encontro com a colega de profissão Barbara de Souza Conte. Os dois vão protagonizar um bate-papo sobre os temas centrais abordados na peça e a importância da arte como forma de expressão.

Conte considera que cada apresentação de teatro é como uma sessão de análise, diz algo novo e produz um salto no desconhecido. “Toda vez que a peça acontece no palco, novas sensações e lembranças inéditas sobrevêm, emoções tomam o campo e elaborações se realizam. A peça evolui dentro e fora como estética teatral e psíquica, como obra de arte, espetáculo, força social, criação de novas perspectivas, releitura da história que, juntos, deságuam em fontes de crescimento emocional. A psicanálise fala em algum lugar labiríntico no qual enfrentam-se os ‘minotauros’ e, deste embate, ou deciframos ou sucumbimos”, finaliza Conte.

A história é representativa do que, à época, sentiam os criadores da peça — Claudia Accurso, Flávio Bicca Rocha, Hermes Mancilha, Julio Conte, Lúcia Serpa, Marcia do Canto e Regina Goulart —, jovens que também cresceram em meio ao período político conturbado. Ao longo dos anos, o elenco foi mudando e, com ele, o roteiro mescla novas ideias, sem extrair a essência.

Duas pessoas sentadas no chão do palco em frente à lua cenográfica

Foto: Emílio Speck

Sinopse

Bailei na Curva mostra a trajetória de sete crianças, vizinhas na mesma rua, em abril de 1964. Como pano de fundo, impõe-se uma forte realidade. Um golpe militar num país democrático da América Latina. A peça desenha, ao mesmo tempo, um quadro divertido e implacável da realidade.

Divertido sob o ponto de vista da pureza e ingenuidade das personagens que, durante sua trajetória, enfrentam as transformações do final da infância, adolescência e juventude. E implacável graças às consequências de um Golpe Militar que se reflete na vida adulta desses personagens.

Durante o desenvolvimento da história, vai se desenhando um painel dos usos, costumes e pensamentos da sociedade brasileira na segunda metade do século XX. As brincadeiras de colégio, as aulas de educação sexual, as matinês no cinema, as reuniões dançantes nas garagens, os namoros no carro – uma juventude que opta pela guerrilha e clandestinidade em contraste à outra juventude que abraça as drogas e cai na estrada e, finalmente, adultos que optam pelas conquistas individuais em contraponto àqueles que lutam para resgatar as memórias dos “anos de chumbo” – uma geração que encontra sua maturidade nos movimentos de Anistia e Abertura Política e que encerra todas as suas esperanças no mandato de Tancredo Neves para Presidente da República.

Serviço

Espetáculo Bailei na Curva

Data: 7 de setembro de 2024, às 19h, no UCS Teatro.

Direção: Júlio Conte

Roteiro e texto final: Júlio Conte, Cláudia Accurso, Flávio Bicca Rocha, Hermes Mancilha, Lúcia Serpa, Márcia do Canto e Regina Goulart

Música-tema: Flávio Bicca Rocha

Elenco: Ana Paula Schneider, Catharina Conte, Eduardo Mendonça, Guilherme Barcelos, Laura Leão, Leonardo Barison, Manoela Wunderlich e Saulo Aquino

A venda dos ingressos será por meio do site Sympla, no valor de R$ 70 a R$ 160.

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