Planeta
05/09/2019 08h00
Greve em favor do clima da Terra
Movimento é convocado para setembro em 125 países, por milhares de organizações, redes internacionais, coletivos locais e grupos de cidadãos indignados.
Por Vera Mari Damian
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Greve em favor do clima da Terra
Em 2018 uma sueca de apenas 15 anos faltou à aula e se colocou de pé por vários dias com um cartaz em frente ao Parlamento de seu país, no qual dizia que estava em greve pelo clima.
A iniciativa simples de Greta Thunberg viria a confirmar a teoria científica também conhecida como “Efeito Borboleta” que, em linguagem popular ensina que “o bater de asas de uma simples borboleta pode influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo”.
A voz da menina reverberou em vários “cantos” do Planeta. Cantos individuais e cantos em coro como os que vêm se levantando também em defesa da Amazônia. O nome de Greta Thunberg já foi indicado até para o Prêmio Nobel da Paz.
Agora em setembro, a voz se levanta em uníssono na Mobilização Global pelo Clima, que está sendo chamada por diversas organizações do mundo inteiro, especialmente por jovens que estarão nas ruas para exigir o fim da era dos combustíveis fósseis e justiça climática para todos.
Em resumo, os jovens estão clamando pelo direito ao futuro diante das constatações científicas de que o atual modelo de exploração dos recursos naturais está levando à extinção do Planeta. Os jovens - de forma mais do que legítima - exigem uma mudança na postura das empresas e governantes para que os negócios passem a ser feitos de maneira diferente do que hoje, em que o lucro não se sobreponha às pessoas e ao meio ambiente.
A plataforma digital https://pt.globalclimatestrike.net/ informa sobre a Mobilização Global pelo Clima e arrecada novas adesões. Podem se inscrever pessoas e organizações e informar sobre atividades que constarão num mapa mundial informando o que estará acontecendo mais próximo.
NÃO EXISTE PLANETA B
O argumento dos jovens organizadores da Mobilização Global pelo Clima é direto e reto:
“Nossa casa está em chamas - precisamos agir com urgência. Exigimos justiça climática para todos. Não existe o Planeta B. Este é o único que temos e precisamos lutar por ele. De 20 a 27 de setembro, estamos tentando garantir que nossos líderes ouçam nossas demandas por uma ação climática urgente AGORA.
Combater a crise climática é muito mais do que emissões e métricas científicas - trata-se de lutar por um mundo justo e sustentável que funcione para todos nós. Se vamos lutar por isso, precisamos de todos.
Chegou a hora de uma ação multigeracional contra o colapso climático. Devemos seguir ao lado dos jovens que lideram o caminho este ano.
Em setembro, pessoas de todos os lugares sairão de suas casas e locais de trabalho juntos e se juntarão a jovens grevistas nas ruas para exigir justiça climática e ações emergenciais para enfrentar a crise climática. Sabemos que os governos não farão isso sozinhos, então estamos indo em #climatestrike para mostrar a eles do que o poder das pessoas é capaz.”
Amazônia Chama
Artistas do mundo inteiro se unem em defesa da floresta.
As atrocidades cometidas contra a maior floresta tropical do mundo sensibilizaram os idealizadores do Instituto de Leitura Quindim - ILQ, Volnei Canônica e Roger Mello, a mobilizar a classe artística nacional e internacional para a causa da proteção da Amazônia.
“O projeto AMAZÔNIA CHAMA / Amazon Shouts está convidando escritores e ilustradores do mundo inteiro para se engajarem na causa, enviando suas criações com temática sobre a Amazônia para as plataformas digital a o www.amazoniachama.com e www.amazonshouts.com. Pretendemos envolver também especialistas e profissionais do livro para fazer um levantamento de obras literárias e de referência sobre a Amazônia”, explica Volnei Canônica.
Brevemente o conjunto do acervo será disponibilizado para uso público de escolas, bibliotecas, instituições e pessoas em geral. Na sequência, os próprios leitores poderão contribuir com suas artes.
Já nos primeiros dias, o projeto recebeu o engajamento de artistas como Anabella López, André Neves, Ivan Zigg, Mariana Massarani, Marcelo Pimentel, Ricardo Azevedo, Roseana Murray, Rosinha e Walcyr Carrasco.
O ilustrador, escritor e designer, Roger Mello, vencedor em 2014 do Prêmio Hans Christian Andersen - considerado o Nobel da literatura infantil, tem a Amazônia como tema recorrente em suas obras.
“Conheci a floresta na década de 1990 e depois estive em todos os estados da Amazônia. Tenho uma admiração imensa por tudo o que vem de lá, a natureza, os povos originários, as histórias, a teogonia. Sem a Amazônia o clima do Planeta Terra não vai mais existir da forma como a gente conhece hoje. O mundo inteiro vai se ressentir disto. Nós acreditamos no poder da arte inclusive como elemento de preservação e de sensibilização de pessoas e povos, especialmente das crianças que viverão o futuro”, diz Roger Mello.
O Instituto de Leitura Quindim (ILQ) foi inaugurado em novembro de 2018 na Serra Gaúcha com o desejo de pensar o “ecossistema do livro”. Conta com uma biblioteca com mais de 5 mil livros infantis e juvenis, Centro de Estudos e Pesquisas e uma Livraria. Está localizado num antigo Moinho tombado pelo patrimônio histórico que fez parte da evolução da história de Caxias do Sul e região.
Vera Mari Damian é jornalista e ambientalista
A ilustração de Roger Mello retrata a chegada dos livros para os povos ribeirinhos que vivem no meio da floresta amazônica. As árvores são Paxiúbas - palmeiras que se deslocam em busca de água para a sobrevivência. Uma analogia ao movimento dos artistas em prol da valorização da Amazônia e em busca da sobrevivência do Planeta.